Créditos: ESPN |
De 27 de abril a 8 de dezembro de 2019 os estádios
brasileiros serão palcos de mais um extenso campeonato com 38 rodadas e nada
menos que 380 jogos. Até aí, tudo bem, o Brasil era chamado de “o país do
futebol”. Será que ainda é? Quando não pairavam dúvidas sobre esta afirmativa,
havia bem mais do que 380 jogos. Em 1978, por exemplo, 8 anos após o
tricampeonato, o Campeonato Brasileiro, pra se ter uma ideia, teve 792 jogos.
O problema maior que acontece há muitos anos é o
monopólio. Este monopólio proporciona o formato atual, que condeno, pois
prefiro o da Copa do Mundo, dividido por chaves e não pontos corridos, além de
outras influências no calendário e na escolha da transmissão das partidas.
Tanto que este ano gerou uma cisão com o Palmeiras, que ao meu ver, com toda
razão, pleiteia a mesma verba de transmissão de Flamengo e Corinthians, por
exemplo.
A desigualdade já começa por aí. Não adianta alegar que o
campeonato é transmitido por um canal a cabo além da emissora aberta. Nem todo
mundo tem e pode ter canal fechado. E nem todo mundo partilha da mesma opinião
dos comentaristas da emissora que detém um direito que jamais poderia ser só
dela. Como ocorre em festas populares como o Carnaval, por exemplo. Mas como
estamos no país da desigualdade profunda e absurda, nenhuma surpresa. E vamos
rolar a bola.
Vou começando por um jogo entre dois dos melhores times
atuais, que são Flamengo e Cruzeiro. Já em função de outro campeonato, o jogo
foi marcado para um sábado, no Maracanã, ao invés do dia de gala do futebol que
sempre foi domingo. Já começa a esculhambação por aí. O campeonato não pode ter
seus jogos escolhidos a partir de outras competições paralelas. O sábado
eventualmente abrigou clássicos importantes, assim como os dias de semana. Mas,
eventualmente. Não estreia de campeonato e com os dois times, os atuais
campeões estaduais de seus estados, desenvolvendo um futebol que tem agradado a
maior parte de seus torcedores.
Flamengo e Cruzeiro fizeram um jogo bastante movimentado,
assistido por 30 mil pessoas. No dia seguinte, por exemplo, teria quase o
dobro, senão o dobro desta plateia. Mas, como disse, o jogo foi muito disputado
e vibrante, do início ao fim. O Flamengo desde os primeiros minutos se impôs e
o Cruzeiro aceitou, aglomerando sua equipe no campo defensivo, às vezes retendo
seis, sete jogadores na sua área defensiva. Se a ideia era pegar um
contra-ataque não surtiu efeito. Arão se desdobrava e, apesar de sua limitação
técnica, cobria bem os espaços no meio, com Everton fazendo uma partida
soberana técnica e taticamente falando. A defesa bem atenta e segura e Bruno
Henrique, insinuante, veloz e objetivo, atormentando Dedé e seus companheiros.
Mas, como futebol não é conta exata, mesmo o Flamengo
tomando conta da partida até então, Pedro Rocha não tomou conhecimento e
aproveitou um passe de craque do craque que Fred é e tocou com categoria na
saída de César, dando impressão que a estratégia de Mano estava correta. Engano
também. O Flamengo não se abateu e um minuto depois Bruno Henrique igualou o
placar. Isso assustou o Cruzeiro que percebeu que o Flamengo estava disposto a
jogar o seu máximo.
Daí pra frente a disputa foi intensa, mas o esquema
tático do Cruzeiro não mudou, compactação defensiva total, posse de bola e
saída em contra-ataques. E o Flamengo usando seu fator campo, torcida e a
ofensividade de seu jogo e velocidade de seus atacantes, tomando sempre a
iniciativa e só faltando a bola final, que acabou vindo primeiro no desempate
pelos pés de Bruno Henrique em uma jogada bem articulada com passe vindo do
fundo do campo. O Flamengo tomou conta de vez e ao final do jogo selou através
de Gabriel sua primeira vitória no campeonato.
Como atração, mais um choque de cabeça bem ao estilo MMA,
que já virou rotina, levando Rodrigo Caio a sair de ambulância do campo,
preocupando a todos, e o novo Juan, pois pra mim um zagueiro com a sua
categoria e sua história no futebol jamais envelhece, entrando ao final para se
despedir da torcida que teve o privilégio de vê-lo jogar e engradecer a camisa
de seu clube, chegando a fazer com Gamarra uma das melhores zagas do mundo, em
2001.
Sobre o restante das partidas, não houve muitas surpresas
e aos poucos vou falando sobre as outras equipes.
Uma boa semana a todos!