O torcedor não pode reclamar em nenhum instante, nenhum
momento, da falta de campeonatos, da quantidade de jogos para assistir. Embora
se questione nitidamente a qualidade destes. Naturalmente um ou outro clube faz
uma boa partida, participa de um jogo de alguma qualidade, de alguma emoção. E
o público normalmente tem até correspondido, comparecendo em bom número. Em que
pese a TV jogar contra.
Já disse que não é questão comercial, de direitos
adquiridos, concorrência normal entre emissoras de TV e coisas do gênero. Mas
uma emissora deter os direitos de transmissão da maioria quase absoluta dos
jogos no Brasil é vergonhoso e traduz um monopólio que não faz bem ao futebol e
muito menos ao torcedor. Sem falar que este fica na dependência do
exibicionismo e do marketing forçado de narradores e comentaristas que,
buscando inflar a competição para gerar negócios, abusam do ufanismo, da
transmissão aos berros e do positivismo inexistente.
A TV não vê, por exemplo, que num país de quinta
grandeza, onde há lugares e recantos onde se construíram estádios com capacidade
maior que a população local, a estrutura deles é péssima. E olha que jogamos
uma Copa do Mundo há 5 anos. Não me refiro a conforto, embora quem paga pelo
jogo mereça. Mas ao palco do espetáculo e o preço dos ingressos. O preço é fora
dos padrões do salário miserável que o trabalhador recebe no país. Por isso ele
merece, além de ingressos com preços similares as suas finanças, campos de
futebol com o mínimo de condições.
O estado atual, mesmo com arrecadações e receitas polpudas
das federações, é vergonhoso. Muitas vezes você vê tudo verdinho na transmissão
e crê num palco de alto nível, mas não é o que acontece. Apesar da tecnologia
de manutenção e plantio da grama dos estádios ter evoluído bastante, sua
conservação é péssima. Desníveis, buracos, inúmeras falhas que prejudicam ainda
mais a qualidade do jogo. O problema não é novo e segue se arrastando. E, tenha
certeza que também é responsável por diversas lesões que muitos consideram
normais, típicas de jogo.
Alguns, como solução, ainda falam em grama sintética. Meu
Deus! Que Deus nos livre dela. Pode ser boa para o futebol americano e seus
padrões, tanto de evolução, como de influência de outros esportes jogados lá,
mas para o futebol profissional, nada mais drástico. A grama sintética produz
queimaduras, gera lesões ligamentares e altera o ritmo de jogo e a velocidade
da bola. Seria pouco? Não há outra saída a não ser usarem a verba destinada com
honestidade e competência. O primeiro passo para um bom jogo é um piso bom e
seguro. Que a CBF faça seu trabalho, uma vez que o uso do VAR já tem complicado
o suficiente o nível do que você assiste.
Uma boa semana a todos!
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