O merecido e incontestável
título de 2012, naturalmente não foi a jato. Foi construído há algum tempo e
ainda levou cerca de sete meses para ser confirmado. Mas, a chegada ao
tetracampeonato, esta sim, foi supersônica.
Há três anos o Fluminense
escapava de forma heróica e surpreendente da queda para a segunda divisão,
contrariando a todos: matemáticos, futurólogos, espíritas, etc. O time de Cuca
voou nas costas do jovem Maicon, na precisão de Fred e na garra de Gum,
evitando mais um capítulo trágico em sua história.
Um ano depois, contando
apenas com o título oficial de 1984, o clube conquistava o de 2010 e via mais
que justamente, o ganho em 1970 ser reconhecido pela CBF. O tri estava
sacramentado. E não é que menos de 2 anos depois, o Fluminense já é
tetracampeão do Brasil?
Para um clube que era
dominado por uma aristocracia retrógrada e coronelista e hoje luta para
encontrar um equilíbrio entre sua essência e a modernidade, modernidade esta, muitas vezes até utópica e que por vezes foge à realidade do esporte, foi um
baita avanço. Agora, quem teria feito o Fluminense levantar vôo afinal? Cheio
de tradições, glórias e histórias mil, o clube parecia aquele Airbus pesado e
suntuoso, sem combustível suficiente e força pra sair do chão. Sejamos francos,
desde a era do patrocínio um Senhor de nome Celso Barros, presidente da Unimed
vem abastecendo este avião pouco a pouco.
Em 2007 ele já chegara a dar
algumas demonstrações de sua potência e capacidade ao vencer a primeira Copa do
Brasil e, em 2008, ir à final de uma Libertadores numa jornada que apesar da
derrota, fora memorável. Valeu como um ensaio, apesar do trauma. Afinal, o
Fluminense vai da tragédia ao êxito absoluto num piscar de olhos. Esta sempre
foi sua marca.
Pois bem, em 2010 o poderoso
avião tricolor decidiu decolar novamente. E chegou a sua terceira estrela.
Incontestável mais uma vez. A intenção era mantê-lo sobrevoando seus
adversários e, por fim, “dar uma volta completa na América do Sul”. Mas, ainda
faltavam detalhes. O artefato ainda precisava de sustância, digamos, para suportar
as mudanças no vento e a política do esporte. Tiveram a idéia arriscada de há
um ano e meio trocarem o comandante deste time na tentativa de voar mais alto e
melhor. Eu fui um que temi pela troca. Ficar tanto tempo esperando àquela
altura era arriscado demais. Mas, entre tapas e beijos, declarações falsas e
verdadeiras, amor e ódio, dispersões e uniões a coisa foi tomando forma. O
Fluminense terminara o Brasileiro de 2011 em 3º lugar, classificado para a
Libertadores. A volta completa à America do Sul ainda não era possível. Parece
que a tripulação e a companhia ainda não se entendiam o suficiente. Mas, já
dava pra assustar em vôos domésticos e após sete anos o clube voltava a dominar
o cenário Estadual ganhando o título de 2012.
Tripulação ajustada, peças
novas, companhia, comandante, demais membros da equipe a postos e em sintonia,
por fim decolava o avião tricolor. Apenas o mau tempo e a vantagem de alguns
concorrentes poderiam atrapalhar. No estado não havia competidores que o
ameaçassem. Apenas um tal de Trem Bala da Colina, que por erro de manutenção,
perda de capital, virou um trem irregular, prático, mas vulnerável, assim como
um trem bala do tipo chinês. O avião tricolor não teve dificuldade de
ultrapassá-lo. Mas, lá adiante... êta trem bão! Um trem movido por um
comandante experiente, renovado e de alta categoria se juntava a um maquinista
especializado em dar o vapor necessário. Na virada da curva o avião acelerava,
mas ainda enxergava longe o trem do Galo Mineiro.
Mas, não haveria erro desta
vez. O combustível era na dose certa e havia determinação, unidade, experiência
e competência suficientes para administrar o final do percurso e alcançar o
adversário como um jato.
Depois da ultrapassagem o
controle da distância não foi mais ameaçado. Um Airbus ganhara a velocidade de
um jato. E já podia tornar-se vencedor antes da linha de chegada.
Dito e feito!
Enquanto os trens colidiam em
uma cidade o jato começava a mostrar, apesar de num ritmo bem mais lento,
devido ao intenso calor, suas verdadeiras intenções. Quando já abria distância
foi necessário desviar de alguns “Barcos”, ou melhor Barcos, na iminência de ir
a pique, apenas para não fugir da sua rotina de emoções fortes. Emoções estas que
o acompanharam, assim como o nº do placar que lhe deu o tetracampeonato
Brasileiro de 2012, bem antes da linha de chegada por três vezes, o fazendo
arremeter.
Estava escrito aquela emoção
final!
Assim como no Campeonato
todo, quando os percalços e sustos já dominavam muitos, o jato aterrissou na
terceira tentativa, como no terceiro gol de Fred, entrando pra história de sua
galeria de heróis. E sãos e salvos.
Parabéns ao Fluminense Futebol
Clube – tetracampeão Brasileiro de 2012.
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