Vou falar sobre dois assuntos
distintos, mas que se entrelaçam. O fato das torcidas organizadas de hoje em
dia e sua influência direta no êxito dos Estaduais no campo.
No caso das torcidas
organizadas, é claro que de organizadas elas não têm nada. A própria foto
ilustra um paredão de “torcedores”, não importa o clube, indo à guerra e não a
um estádio de futebol.
A torcida organizada nasceu
com um propósito muito legal e fiel ao nome. Charanga, bandinha e outras
denominações folclóricas que tomavam conta das arquibancadas no passando.
Quanta saudade do ritmo de samba que se ouvia das arquibancadas, que ditava o
ritmo de jogo e fazia até inveja a algumas baterias de escola. Se o jogo estava
ruim, quantas vezes via gente sambando. Era até uma alternativa quando seu time
estava irremediavelmente batido.
Veio à influência de fora,
primeiro da Europa, com os Hoolingans e Cia, e mais tarde dos clubes da
Argentina. Trocaram nosso samba pelo rock com tango. Vão ter mau gosto assim lá
no inferno. Nem parece que o jogo é no Brasil. Nunca sonhei que fossemos copiar
a Argentina e nunca pensei que nos faltasse criatividade. Mas é isso. Encontros
tornando estádios e cercanias em praças de guerra, mortes fora do estádio ou
dentro como criminosamente ocorreu no jogo do Corinthians, na Bolívia e aquelas
cenas absurdas das torcidas no Sul, no caso a do Grêmio mesmo, comemorando como
os hermanos, com aquela correria esquisita e suspeita.
As autoridades têm vários
caminhos para segurar os bandidos. Não o fazem porque não querem. Porque eles
querem diminuir a população mesmo ou porque gostam de ver os estádios vazios.
Porque nenhuma família em sã consciência hoje, pega seu carro, vai para um
Engenhão da vida, procura um estacionamento e sobe para assistir um jogo
calmamente contra um rival. Não adianta só culpar o nível do Estadual. Ele
começa na arquibancada. Na platéia que não sabe mais distinguir urubu de meu
louro.
Em algumas torcidas existem
até regras. É proibido vaiar. Ora, vejam só... O torcedor movido a paixão que
é, paga ingresso, atura todo tipo de estresse e desconforto, assiste um
espetáculo pobre, protagonizado por jogadores que ganham 5, 6 ou mais
apartamentos de 3 quartos
na Zona Sul por mês, e ainda são proibidos de vaiar? Já não podem beber, como
se a bebida fosse a razão das pancadarias, e agora só podem vaiar se o seu time
for literalmente ao fundo do poço. Isso não é paixão, isso é uma devoção
condicionada a interesses.
Aproveito para lembrar que
naturalmente o campo não nos dá bons exemplos. Domingo, você vê na sua TV um
Botafogo e Madureira com jogadores que praticamente já encerraram a carreira,
no caso do Madureira, resgatados por empresários, tentando arrumar alguma coisa
ainda. Ora, eu garanto que o Madureira tem condições de produzir na sua
categoria de base um time que tenha alguma ligação com o bairro/clube e que
traga muito mais alegria e doação e futebol às cores do seu time. Isso hoje é
comum no futebol carioca. Muitos veem como positivo. No caso de um ou dois, talvez.
Mas de base de um time? Não dá não, companheiro. Ninguém se beneficia com isso.
Só quem ganha são os empresários, os cartolas/empresários e os candidatos a
ex-jogadores. Porque o que fica no ar é pura depressão. É nostalgia mesmo.
Fui!
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