Pessoal, apesar de não ser
muito chegado a uma comparação, é muito comum elas enganarem no cotidiano da
vida, quanto mais no futebol, mas creio que já dá pra termos uma ideia nesses sete
meses da era Felipão, em relação a anterior, da era Mano.
Antes de mais nada isso me
lembra um bate-boca, no bom sentido, que tive num programa esportivo na antiga
TVE em 1991 envolvendo o técnico Falcão. Alguns integrantes da mesa defendiam
que dez meses era muito tempo pra se analisar um trabalho de um treinador. Na
ocasião lembro-me que defendi Falcão, pois esses dez meses, em se tratando de Seleção
Brasileira criam essa ilusão. Você não convive dia após dia com sua equipe na
seleção, como convive no clube. E na ocasião a seleção da era pós Lazaroni
passava por um sério problema de liberação dos jogadores de fora do país junto
a seus clubes. Mas, hoje o quadro é bem diferente. Prepara-se uma seleção pra
uma Copa do Mundo no Brasil e ela terá que corresponder em um ano. O técnico
Felipão que aceitou o desafio, apesar dos poucos sete meses de trabalho, já
tinha o privilégio de assistir de camarote o quadro que o esperava, caso viesse
a dirigir o Brasil.
No caso da seleção do Mano,
há um bom tempo ele vinha testando vários jogadores daqui, dali, que às vezes
apenas passavam por uma boa fase. Teve tempo suficiente pra definir ao menos
80% da base do time e não o fez. Havia por trás um clima nebuloso na direção da
CBF, uma bomba prestes a explodir, que foi de certa forma apenas deslocada pra
outro lugar mais discreto – eu não acredito que Ricardo Teixeira esteja 100%
fora do processo onde parece que Marin que dá as ordens. Depois, Mano perdeu o
apoio da imprensa já não tendo o mesmo carisma que Felipão e um título mundial
na bagagem, o lado positivo de seu trabalho não foi levado em conta e ele
acabou tomando o caminho da roça. E que roça!
Felipão já chegou com as
honras de campeão mundial mesmo não passando por um bom momento em sua
carreira, mas veio com força e todo apoio possível. Trouxe o seu inseparável e
fiel amigo Murtosa e, para minha surpresa, Parreira a seu lado, que sempre foi
nome forte na agenda de Ricardo Teixeira. Havia, portanto, confiança no
trabalho do treinador. Experiente, Felipão foi diminuindo a quantidade de
convocações sem sentido. E tratou de usar de maior objetividade em seu
trabalho, errando ou acertando. Hoje chegou a sua primeira vitória expressiva
no comando, contra a França, em sua terra predileta. É bom não esquecer
tratar-se de um amistoso.
De positivo na evolução do
seu trabalho vi uma maior marcação ofensiva na saída de bola do adversário, provavelmente
uma nova determinação pra que Neymar use menos individualismo e colabore mais
nas ações ofensivas participando de preparações de jogadas como fez em algumas ocasiões,
como no 2º gol de Hernandez, e um time mais livre pra falar dentro de campo.
Futebol é jogado e falado. Se você não dialoga com o companheiro, pode esquecer,
é time de quadro negro. Entre os defeitos que ainda persistem, apesar do
elástico placar, é a percepção de que jogadores como David Luiz, Luiz Gustavo e
Hulk têm vaga assegurada nesse grupo. Isso me tira o sono. Não confio na
qualidade desses jogadores. Outro problema grave é o posicionamento defensivo.
Segue vulnerável e com posicionamento e ações de defesa várias vezes
equivocadas. O excelente Thiago Silva ainda perde muita viagem lá fora, talvez
por ansiedade, no desarme. Ele pode e deve sobrar. É o mais experiente e
técnico. O meio não encontrou ainda uma forma compacta de jogar que consiga se
fechar com mais rapidez e parta para o ataque criando maiores situações de gol.
Mesmo se você me perguntar: - mas, ganhamos de 3 x 0 e tivemos boas chances de
gol? Eu recomendaria que você, não desmerecendo a atuação da França, visse o
tape. Apesar de não terem feito péssima partida, após o primeiro gol do Brasil,
oriundo de uma roubada de bola faltosa, a seleção francesa, como se diz na
gíria do futebol, largou. No segundo gol então, a marcação chegou a sua área
quando a bola já beijava a rede. O nosso contra ataque foi bem feito? Sem
dúvida! Mas apesar da velocidade do Paulinho, o passe imperfeito para Lucas
atrasou a jogada. E se o jogo é pra valer, meus amigos, não teriam dado aquele
mole, não. Podem ter certeza.
Agora, vamos à Copa das
Confederações. Ideias mais precisas irão surgir sobre o scratch canarinho.
Aquele abraço!
Fernando
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