Tranquilo, não me refiro à jovem promessa do Botafogo, me refiro àqueles que deram o gosto à torcida e ao futebol brasileiro por alguns momentos de uma grande revelação. Quanto ao jogador, sem problemas, dono de sua vida, de seu destino, está absolutamente na dele e vendo o seu lado.
Mas e a turma do lado de lá?
Explicando melhor, os milhares de empresários que existem? Oficiais, camuflados
e extra camuflados, fora os informantes clubísticos e uma série de personagens
de um mundo sombrio que ganha dinheiro fácil no Brasil e inviabiliza a nossa
maior moeda: o futebol.
Você pode dizer: que
alternativa tinha o Botafogo? Eu respondo com vários desdobramentos desta
atitude do clube alvinegro. Segundo informações, dos tais 31 milhões (deve ser
mais), só ficará com 18 (o restante pertence ao Audax, clube da Baixada
Fluminense, de propriedade de empresários). Quem elaborou o contrato,
naturalmente, ou não acreditava que Vitinho fosse avançar tão rápido ou o fez
de má fé. Prejuízo para o Botafogo, para o futebol brasileiro e para seus
torcedores. E lucro absoluto e gigantesco para quem apostou nesse cavalo, ou,
quer dizer, jogador.
Vai jogar numa praça em que a
única coisa que se aprende é correria e seriedade profissional. Ele me lembra o
mesmo que aconteceu com Maicon, jovem revelação do Fluminense, de imenso
potencial, que praticamente já acabou lá pela Rússia. Assim como, não desejo
isso, Vitinho deve acabar.
Aí diriam os hipócritas: “Mas
o Botafogo tá na miséria! Todos os clubes estão! E esse dinheiro será aplicado
na contratação de outros valores e investindo na base para formar novos
Vitinhos”. Companheiro, dessa conversa fiada eu to cheio.
Esses 18 milhões não chegarão
inteiros nos cofres do Botafogo, ninguém de valor no Brasil será contratado por
15, 16 milhões (não há craque disponível), esse dinheiro não vai sanar finanças
de dívidas astronômicas contraídas propositalmente e muito menos irá para
categoria de base para formar novos jogadores. Até porque a base dos clubes
hoje, com exceção de alguns clubes de São Paulo e de Minas, trabalha na política
e no empresariado. Lá, o negócio é negócio. Revelar um Vitinho ou um Maicon não
é da noite pro dia e requer espaço e oportunidade, além de acertos constantes
na caminhada rumo ao profissionalismo.
É isso. É bom pra eles,
empresários, dirigentes e todo tipo de anônimo envolvido na transação e para o
próprio jogador, em termos financeiros. Porque em termos de imagem... CSKA? Duvido!
Ficará sem resposta,
eternamente, ao menos oficial e plausível, o porquê do futebol brasileiro ser,
num todo, o futebol mais laureado do mundo, que mais produziu e produz craques
no planeta terra nos últimos 100 anos e que vive na penúria e na miséria
financeira.
Boa sorte, Vitinho! Meus
pêsames, Botafogo.
Fernando Afonso