terça-feira, 8 de setembro de 2015

NOS ESTADOS UNIDOS FUTEBOL NÃO É MAIS SOCCER











Estou escrevendo antes do amistoso de daqui a cerca de 1 hora entre Estados Unidos e Brasil, em Boston. O resultado, qualquer que seja, não irá pautar meu comentário. Até porque, a seleção americana está em renovação. E essa etapa pra eles é mais difícil que para nós. 

Sobre a nossa seleção brasileira, tenho dito repetidas vezes os nossos problemas, como expus claramente na última coluna. Sem os dois passos iniciais mais importantes, transparência e organização, que nos conduziriam uma volta às raízes de nosso bom futebol, não chegaremos a lugar nenhum.

Quero falar sobre o futebol nos Estados Unidos, sua evolução e dizer por que a manchete acima, pra mim, já é uma realidade. Nos anos 70 os Estados Unidos já havia dado uma investida forte no futebol. Pelé, Carlos Alberto, Beckenbauer, Chinaglia, entre outros arrastaram grandes públicos aos estádios, criando interesse e atrativo ao esporte. Até aí, o fato marcante se dera em 50, em plena Copa do Mundo no Brasil, quando a seleção americana derrotou, surpreendentemente, o English Team, em São Paulo.

Este pontapé inicial idealizado nos anos 70 deu uma grande contribuição, mas o sucesso demorou a vir. O basquete, o baseball, o próprio futebol americano, ainda tomavam maior parte do coração dos americanos. Fiel as suas raízes, o povo apoiava mais o que sabia fazer melhor. Mas a partir dos anos 90, a globalização intimou uma participação maior americana.

Organizados e eficientes. Pra se ter uma ideia, enquanto nossa taça original, a Jules Rimet, do tricampeonato mundial, fora roubada da CBF, os americanos têm até hoje guardada a bola da vitória da Copa de 50 sobre a Inglaterra. Nas recentes Copas do Mundo e das Confederações que atuaram, já mostravam trabalho de qualidade e um time aguerrido e organizado. Sem esquecer que no estádio de Stanford, na Copa de 94, se não fosse o genial Romário, seu time, mesmo ainda muito mesclado de estrangeiros, nos derrubaria por certo.

Contrataram um treinador comprometido, inteligente e integrado com a filosofia do futebol e a noção exata do estilo de trabalho americano. Klinsmann foi uma grande escolha. Pena que dois ou três jogadores de grande qualidade já estivessem em fim de carreira, como Donovan e Bocanegra. O que não impediu de fazer uma grande Copa do Mundo de 2014. As exibições americanas em solo brasileiro chamavam a atenção do mundo, alegravam o país do futebol e emocionavam o povo americano, unindo sua torcida em multidões em torno dos telões como jamais havíamos visto.

Por muito pouco Chris Wondolowski, com um pouco mais de técnica e frieza, não colocaria os Estados Unidos nas quartas de final. Pois o empate heroico aquela altura, diante da Bélgica, com uma atuação fantástica e arrojada do goleiro Howard, uma das maiores que vi em minha vida e com recorde de defesas em uma Copa do Mundo, fariam os americanos tirarem forças de onde não havia mais. O espírito americano estava em campo. E o resultado, apesar da Bélgica ter mais tradição e técnica, talvez não tenha sido justo com a atuação dos Estados Unidos.

Podem se preparar, pois novas contratações têm sido feitas. O alvo é correto. Assimilar mais técnica, posicionamento e experiência, que naturalmente só ganharão jogando, mas que as estrelas estrangeiras estão fornecendo como suporte à boa marcação, harmonia, objetividade e determinação em entrar para a galeria dos campeões mundiais. Esse dia não deve estar muito longe. Quem viver verá. 

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