Estou escrevendo antes do amistoso de daqui a cerca de 1
hora entre Estados Unidos e Brasil, em Boston. O resultado, qualquer que seja,
não irá pautar meu comentário. Até porque, a seleção americana está em renovação. E essa etapa pra eles é mais difícil que para nós.
Sobre a nossa seleção brasileira, tenho dito repetidas
vezes os nossos problemas, como expus claramente na última coluna. Sem os dois
passos iniciais mais importantes, transparência e organização, que nos
conduziriam uma volta às raízes de nosso bom futebol, não chegaremos a
lugar nenhum.
Quero falar sobre o futebol nos Estados Unidos, sua evolução e dizer por que a
manchete acima, pra mim, já é uma realidade. Nos anos 70 os Estados Unidos já
havia dado uma investida forte no futebol. Pelé, Carlos Alberto, Beckenbauer,
Chinaglia, entre outros arrastaram grandes públicos aos estádios, criando
interesse e atrativo ao esporte. Até aí, o fato marcante se dera em 50, em plena Copa do
Mundo no Brasil, quando a seleção americana derrotou, surpreendentemente, o English
Team, em São Paulo.
Este pontapé inicial idealizado nos anos 70 deu uma grande
contribuição, mas o sucesso demorou a vir. O basquete, o baseball, o próprio
futebol americano, ainda tomavam maior parte do coração dos americanos. Fiel as
suas raízes, o povo apoiava mais o que sabia fazer melhor. Mas a partir dos
anos 90, a globalização intimou uma participação maior americana.
Organizados e eficientes. Pra se ter uma ideia, enquanto
nossa taça original, a Jules Rimet, do tricampeonato mundial, fora roubada da
CBF, os americanos têm até hoje guardada a bola da vitória da Copa de 50 sobre
a Inglaterra. Nas recentes Copas do Mundo e das Confederações que atuaram, já mostravam
trabalho de qualidade e um time aguerrido e organizado. Sem esquecer que no
estádio de Stanford, na Copa de 94, se não fosse o genial Romário, seu time, mesmo ainda muito mesclado de estrangeiros, nos derrubaria por certo.
Contrataram um treinador comprometido, inteligente e
integrado com a filosofia do futebol e a noção exata do estilo de trabalho
americano. Klinsmann foi uma grande escolha. Pena que dois ou três jogadores de
grande qualidade já estivessem em fim de carreira, como Donovan e Bocanegra. O
que não impediu de fazer uma grande Copa do Mundo de 2014. As exibições
americanas em solo brasileiro chamavam a atenção do mundo, alegravam o país do
futebol e emocionavam o povo americano, unindo sua torcida em multidões em torno
dos telões como jamais havíamos visto.
Por muito pouco Chris Wondolowski, com um pouco mais de
técnica e frieza, não colocaria os Estados Unidos nas quartas de final. Pois o empate
heroico aquela altura, diante da Bélgica, com uma atuação fantástica e arrojada
do goleiro Howard, uma das maiores que vi em minha vida e com recorde de
defesas em uma Copa do Mundo, fariam os americanos tirarem forças de onde não
havia mais. O espírito americano estava em campo. E o resultado, apesar da
Bélgica ter mais tradição e técnica, talvez não tenha sido justo com a atuação
dos Estados Unidos.
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