MAURO HORITA/AGIF/GAZETA PRESS |
É isso aí. Somando a estimativa das torcidas, as duas maiores do Brasil, e talvez umas das cinco do planeta, fora os expectadores das outras, olhos voltados para a Arena Corinthians assistindo ao Timão a poucos metros de um título e um Flamengo lutando para se manter com chance de jogar a Libertadores.
Apesar de ter tido algum problema no início, o Corinthians
já se adaptou à Arena e a casa já é bem usada pelo clube. Principalmente quando
o time se encontra em boa fase, com conjunto e bom elenco. Eu disse aqui nas
primeiras rodadas que o Corinthians era o favorito ao título. Principalmente
por ter o melhor elenco. Agora ele tem o melhor elenco e o melhor conjunto. O
exemplo disso ficou mais claro no primeiro tempo. O Flamengo lutava para
segurar um Corinthians de grande intensidade, mais recheado de jogadas e melhor
qualidade técnica.
O domínio não foi amplo. O Flamengo chegou a ter algumas
chances, mas lhe faltaram categoria e inspiração pra definir. Já ao Corinthians
também faltava. Aliás, eu chamo a atenção para dois detalhes que eu considero
os mais importantes. Não é possível na alta velocidade jogada pelo Corinthians,
e o próprio Flamengo, finalizar ou chegar ao último passe com consciência,
lucidez e técnica. Essa é a razão dos muitos erros de passe e finalização.
Os dois últimos campeões do mundo, Alemanha e Espanha,
provam isso. A velocidade ainda é confundida com rapidez. E quando passa de certo
ritmo impossibilita o jogador de criar. Portanto, o jogador tem que saber fazer
o ritmo. Tem que saber dominar, tem que saber esconder do adversário. Tem que
usar a técnica. Porque se o adversário souber marcar, se fechar corretamente,
coisa que o Flamengo não sabe fazer, vai esbarrar na marcação adversária.
E aí, emendo no segundo aspecto. Provavelmente assistindo
ao primeiro gol do Corinthians, os comentaristas se rasgarão em elogios ao
esquema de Tite. Mas ele não vai mudar o futebol brasileiro com esse esquema. Não
estou negando as qualidades do treinador corintiano. Tem seriedade, comando e
sabe armar um time. Mas a diferença da qualidade do elenco de sua equipe para
os demais é bem visível. Foi assim com Luxemburgo, Muricy e todos que dirigiram
os times de ponta do Brasileiro.
Eu repito, no primeiro gol, observe claramente que a triangulação
veloz entre Renato Augusto, Elias e Jadson e a má colocação do sistema
defensivo do Flamengo propiciaram a troca de passes que achou três jogadores do
Corinthians chegando à área contra dois do Flamengo, servindo um Vagner Love em
condições de dominar com tranquilidade, usando sua frieza, e finalizar no
contrapé de Paulo Victor.
Um time bem armado não vai ceder esse espaço. A partir do
meio campo, o Corinthians ou a seleção, se amanhã lá Tite estiver, o que tenho
pressentido há algum tempo, não conseguirão impor esse ritmo os 90 minutos e
tampouco achar esses espaços apenas trocando passes e se movimentando em
velocidade. Falta o “olho”. Falta a
categoria, o lampejo da cintura do futebol brasileiro. Lampejo que os não menos
modernos Messi e Neymar usam para destruir esse tipo de esquema usado por Tite
e por outros, tido como revolucionário.
É como já ouvi dizer: você pode superar com mais
facilidade um “4-3-2-1” do que a boa técnica de 4 ou 5 jogadores. Porém, se o
outro time jogar como o Flamengo, sem qualidade técnica, sem meio campo e
jogadores diferenciados, como tem o Corinthians em Renato Augusto e Jadson e o
próprio Love, no trabalho de área, o placar não traduzirá seu domínio.
É bom destacar que, fugindo ao seu estilo tradicional, o Flamengo
tem 4 ou 5 jogadores limitadíssimos. Revelados para marcar, correr e não deixar
jogar. Tipo o Jonas, que com a entrada desleal que deu em Renato Augusto,
reduziu as chances de reação rubro-negra. Fosse em qualquer lugar, o
Corinthians seria superior em campo. O Flamengo está longe de ter uma boa
equipe. Cheio de jogadores jovens, fracos e inexperientes. Verdadeiras apostas.
Se não fosse a arrancada de motivação na chegada de Oswaldo, com certeza
estaria brigando mais atrás.
Em que pese tudo isso, com quase todo o segundo tempo com
um jogador a mais, o Corinthians diminuiu o ritmo muito cedo. O recuo da
equipe, mesmo que previsto, podia lhe complicar. Mesmo sabendo que havia apenas
um homem lutando contra um batalhão de camisas brancas, chamado Guerrero. Em
todo o caso, quem quiser achar que esse título foge do Parque São Jorge, fique
à vontade. Eu duvido. Para mim o Corinthians é o virtual Campeão Brasileiro de
2015.
Boa semana!
Boa semana!