Abro a coluna falando sobre essa figura polêmica que é o
treinador de futebol, em qualquer lugar do mundo. No Brasil, mais ainda.
Destaco com segurança, de cara, os dois aí acima: Ricardo Gomes e Marcelo
Oliveira.
O primeiro superou um grave drama de saúde, como todos já
sabem, tendo um AVC durante uma partida comandando o Vasco. Foram anos de
tratamento, uma fisioterapia intensa que ainda não abandonou e uma força de
vontade muito grande. Um treinador sóbrio, grande boleiro, de boa cultura e
educação. Que já ao assumir o Botafogo, ainda como alguma sequela do AVC, disse,
com o sorriso franco de sempre: “podem me cobrar à vontade. Podem criticar,
elogiar...”
Ali já quebrava a primeira barreira com as quais os
treinadores brasileiros não sabem conviver. Odeiam ser criticados. Não sabem
lidar com a crítica. Pensam que estão acima do time, do clube e da torcida. E a
vê como claque ou um bando de alunos assistindo suas palestras. Ricardo agora
tem a missão de tirar o Botafogo de um lugar incômodo que outros artistas o
jogaram: a série B. E no momento, creio que com mais umas duas vitórias, a
volta estará assegurada.
Já Marcelo Oliveira, outro grande boleiro de estilo mais
aguerrido e extrovertido, mais experiente que Ricardo, é outro excelente
treinador. Vendo o Palmeiras jogar nota-se claramente seu trabalho. Numa
entrevista coletiva, ao contrário dos demais, não se preocupa em aparecer ou
dar aulas de física quântica em futebol. Explica suas ideias naquela partida,
não se furta a elogiar ou criticar determinado setor ou jogador, mostra com
clareza sua proposta de trabalho e os pecados e acertos do grupo que comanda.
Há outros também que não chegam a ser tão brilhantes, mas
vejo boas qualidades neles, como Levir Culpi, Ney Franco e Muricy, que também
faria parte dos notáveis, mas está afastado no momento. Os demais não fazem
minha cabeça. Você pode me cobrar o Tite e o Dunga. Não. Nenhum dos dois me
convence. O primeiro depende muito do elenco que trabalha e das condições que
recebe o time. O outro baseia seu trabalho na vibração e na luta, mas sem
mostrar o conhecimento e as estratégias necessárias.
Fica o elogio e uma ponta de saudade, pois pra quem viu Valdir
Pereira, o Didi, trabalhar...
Flashes do Brasileirão
Quero dar dois destaques já nessa reta de chegada do
Brasileirão 2015. O primeiro, positivo, com a FIFA começando a ser pressionada como
deve. E isso é bom para o futebol. Principalmente na CBF que se pendura nela.
Outro aspecto sobre o São Paulo e seu treinador
colombiano Osório. Tá esquisito aquilo lá, não? Uma hora o cara se agacha na
beira do campo, se deprime, se reanima. Outra hora é ameaçado de demissão logo
após confirmado no cargo. Às vezes diz que vai sair, minutos depois diz estar
bem no São Paulo. Sei lá... Não entendi esse mistério todo ou quem sabe um
quadro complexo que Freud gostaria de resolver.
Por falar em Freud, acho que ele gostaria de, junto com
educadores do porte de Mario Sergio Cortella, dar uma aula de moral, respeito e
comportamento de grupo aos jogadores do Fluminense. Bastou Ronaldinho sair do
clube, e embora tecnicamente ou taticamente nada de novo tenha surgido de
expressivo, ficou muito claro o maior empenho de todos, fato que não ocorria
nos jogos anteriores. Um claro boicote a Ronaldinho Gaúcho. Uma covardia que,
provavelmente, tem como pano de fundo o peso de seu salário.
Ele foi suficiente pra uma das atitudes mais covardes e
mesquinhas que eu sempre vi no futebol: a chamada “panelinha” de grupo. Ela por
si só já mostra a mentalidade do clube e de quem verdadeiramente dá as cartas
dentro dele. Uma vergonha.
Boa semana!
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