domingo, 9 de abril de 2017

QUANTO MAIS CAMPEONATOS PIOR


Resolver problema financeiro dos clubes, de federações, entidades, dirigentes, empresários, jogadores, aumentando o número de torneios e jogos é uma solução destrutiva e ignorante. Os que pensam no lucro via este tipo de solução estão cavando sua própria falência, contribuindo para a péssima qualidade do futebol apresentado em geral. Algum tempo atrás diziam que os campeonatos europeus eram diversos, portanto exemplo a seguir. Em primeiro lugar não são tantos assim. Além do mais, as copas e os torneios que se disputam lá obedecem a calendários planejados, intervalos maiores entre os jogos, preços de ingressos compatíveis com a renda dos torcedores e adaptação ao clima da principal ferramenta de trabalho do jogador de futebol: o corpo.

No Brasil estender esse exemplo à América do Sul, à penúria financeira aliada à crise, põe em prática jogos dia sim e dia não. Quando não são um dia sim e outro também. Alguns de clubes completamente desconhecidos. Outro dia vieram ao Brasil dois clubes argentinos que até o início de Abril haviam feito apenas dois jogos na temporada. Muita gente deve pensar: “então como pode ser o excesso de jogos?”. Esse excesso de jogos e campeonatos causa também esse mal. Desgasta o espetáculo e o público, desorganiza competições, afasta o torcedor e, aliado a crises econômicas e esportivas como a vivida pela Argentina, interrompe competições nacionais por falta de recursos de clubes, federações e expectadores. E de falta de atrações a altura do apelo de massa necessário. A qualidade e o rendimento do futebol sul-americano nas eliminatórias para a Copa de 2018 comprova o que digo. Como o Brasil tem mais qualidade, como citei na última crônica, e Neymar em estado de graça, além da maioria de seus jogadores titulares atuarem fora do Brasil, a performance é bem melhor.

Portanto o torcedor não deve se assustar e se entristecer tanto ao ver estádios em jogos de transmissão na TV com imensas lacunas vazias. Jogos com expectativas de público de no mínimo 40, 60 mil expectadores, com apenas 25 mil ou menos presentes. Muitos diriam: “Não, mas teve jogo A, jogo B que lotou este ou aquele estádio”. Não adianta mentir para o torcedor. São estádios de capacidades bem menores e um ou outro jogo isoladamente consegue apelo suficiente para ter um público condizente com a partida. Isso sem falar os prejuízos gravíssimos que os calendários e a insistência do modelo trazem ao futebol em si. Má qualidade de espetáculos, exaustão evidente de várias equipes, irregularidades frequentes durante uma partida oriundas de uma desmedida intensidade e o desgaste que ao longo prazo vai contribuindo para lotar os departamentos médicos dos clubes, causando às consequentes lesões, desfalcando as equipes e seus principais jogadores devido ao abuso de capacidade física dos artistas da bola.

Finalizo lembrando que o torcedor também paga essa conta. Boa parte dos que não vão ao estádio não o fazem apenas por falta de recursos financeiros. Tudo que é demais enjoa. Um dos segredos para grandes embates e tradição como uma Copa do Mundo, por exemplo, é o intervalo regular entre a competição. Como diziam antigamente: “quase sempre o melhor da festa é esperar por ela”.

Respeitem o torcedor. Respeitem o futebol. 

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