quinta-feira, 1 de junho de 2017

FUTEBOL DE FATO ESPECIAL: ALEGRE QUEM ALEGROU VOCÊ


O ano era 1972. De repente as ruas do Rio ficaram com muros e postes cheios de cartazes com a manchete que escrevi acima convidando o povo a fazer uma homenagem a Garrincha, com a renda integralmente revertida para ele, que já se encontrava em situação de penúria. Física, psicológica e financeira.

O povo correspondeu e encheu o Maracanã. Eu estava lá. Mal consegui ver os lances de tanta gente a minha frente nas arquibancadas do Maracanã. Pouco tempo depois Garrincha começou a declinar cada dia com mais rapidez devido a suas enfermidades clínicas. Uma internação após a outra e o esperado aconteceu. Garrincha veio a falecer aos 49 anos, em 1983.

E está morrendo até hoje, em 2017. Embora para mim, que creio em Deus, mas não tenho religião, um túmulo não tenha valor algum, a lembrança que está nele deve ser respeitada e notícias atuais dão conta de que seus restos mortais sumiram de sua sepultura, em estado deplorável de conservação. Mas, pedir respeito ao Brasil hoje? À maioria do povo brasileiro? É inútil. Quem viu e quem não viu não está nem aí para a lembrança de Mané Garrincha. Seu clube, Botafogo, e a instituição CBF, na ocasião CBD, muito menos.

Que diferença faz se Mané Garrincha deu, junto a seus companheiros, principalmente em 1962, um bicampeonato ao futebol brasileiro, sendo um dos maiores responsáveis pelas duas estrelas das cinco que a camisa traz no peito? Que importância tem Mané Garrincha hoje? Que importância tem a memória do homem que levou ao delírio e alegrou milhões de brasileiros, além de inspirar outros tantos seguidores dentro das quatro linhas? Qual a importância?

Hoje, segundo muitos, seria facilmente marcado e anulado pelos “extraordinários” zagueiros modernos e seus esquemas “geniais”. Eu vou mais além. Sequer selecionado em algum clube seria devido a anatomia de suas pernas e seu corpo. Portanto, o demônio das pernas tortas para muitos é apenas uma lenda. E seus restos mortais devem ter parado na boca de algum vira lata na região onde viveu.

Felizmente, onde Mané estiver, ele não está nem aí para isso. Deve sim é estar dando graças a Deus de existir longe de sociedade tão hipócrita, nojenta e egoísta. Deve estar sim aliviado de não ter tido o azar de jogar contra ou a favor desta geração de “craques monumentais” do futebol brasileiro.

Perdão, Mané! Eles não sabem quem você foi. E sequer sabem o que fazem.

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