Esta crítica e
esse clamor, para todos que acompanham minhas crônicas, pode até parecer
repetitivo, tedioso. Mas, julgo importante bater nesta tecla. Mais que importante,
é fundamental, porque se trata de um assunto gravíssimo. Vamos a ele:
Na foto acima o
leitor vê duas imagens. A primeira do atual Maracanã, sua média de público em
geral. A poucos minutos do outrora chamado Clássico dos Milhões, Flamengo x Vasco, deste sábado, o público estava igual ao dessa foto. E a da direita, a razão do outrora anterior, ao
final de um jogo de Flamengo x Vasco, torcidas desciam uma rampa de quase 20m
de largura juntas, onde parecia não caber um inseto, justificando um público de
Clássico dos Milhões. Esta foto se dá nos anos 70, no colossal e sagrado
Maracanã, programa de todo carioca e emoção que circulava numa cidade, num
estádio e porque não num Brasil inteiro. Por várias saídas, os cerca de 140, 150
mil torcedores deixavam o maior estádio do mundo. Hoje nem maior estádio ele é,
em termos de capacidade de público, e não pertence ao povo carioca e brasileiro
em geral. Recuso-me a comentar, por razões óbvias, dizer que há um Fla x Flu ou
um Flamengo x Botafogo, além do jogo que estou citando, com mando de campo de
um destes. Deus me livre! Mudaram vários times de cidade, sem me avisar! No Maracanã
ninguém tem mando de campo, sendo do Estado do Rio. Isto é uma insanidade!
Você pode até
dizer, como estas torcidas caminhariam juntas após um Flamengo x Vasco hoje,
descendo a rampa e deixando o estádio? Evidente que não haveria a menor
hipótese, mesmo embora no passado houvesse um arranca-rabo aqui ou ali, a
realidade hoje entre as torcidas de clubes de futebol é doentia. Não só no Brasil,
como em grande parte do mundo, na Europa principalmente. Entretanto não vejo em
grandes centros, fora do país, jogos de grande expressão entre dois times de
massa serem marcados fora do dia e horário de gala. Isso tem acontecido, é bom
lembrar, em outras praças do Brasil: São
Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais etc, onde muitas vezes acham essa solução
absurda, de agendar um calendário que esvazia o jogo. Tentam deter os crimes
que normalmente acontecem nessas ocasiões. E parece que ontem, por exemplo,
mais uma vez, a tática não deu certo. Houve conflito a mais de um km do
estádio, com mais de 69 detidos. Como veem o crime foi longe e o maior crime
não tem sido ali no palco da bola.
As torcidas têm
se encontrado para se digladiar, via internet, por exemplo, tendo apenas como
referência o jogo, e acertarem suas contas, digamos, faz tempo. São quadrilhas
de bandidos, facções, que se digladiam até mais distante dos estádios. Quantos
já perderam a vida devido a isso? E aí trata-se o crime desta forma, colocando
o ingresso em torno de R$ 50,00 ou mais, bem fora da realidade econômica do
torcedor. Marca-se um jogo para dias e horários secundários. O resultado é 24.813 presentes, o que também é um crime.
Você esvazia a
importância do jogo e tem um grande prejuízo, mesmo diante de uma TV cúmplice
dessa irresponsabilidade, em causa própria, fazer de tudo para ter lá no máximo
30 mil pessoas, bem sentadinhas, comportadas e confortáveis. O resto? O resto
eles embolsam através da venda de pacotes especiais para TV, tendo seu lucro
particular sem se importar que se o futebol brasileiro não mover a paixão, o
que é próprio de suas raízes, cada dia estará mais distante de, no mínimo, proporcionar um futebol digno e bonito de se
ver, com todo o esplendor, que mesmo o novo e acanhado Maracanã, possa
presenciar, mesmo em menores dimensões. O que naturalmente também vale para
outros estádios de menor porte.
Não há jogador
que conheça, que goste de se apresentar para um estádio vazio ou quase vazio. É
muito deprimente. Da mesma forma muitos
podem questionar: de tonde tirar recursos para dar segurança aos
torcedores e amantes do futebol voltarem a ir aos estádios, até com suas
famílias, em paz? Com recursos da própria renda ou das malas de dinheiro, que
somem das notícias de jornal, com 51 milhões ou até maiores quantias, comprando
votos à luz do dia, em nome de Deus, para manter políticos corruptos e ilegítimos
no poder. Na cara da justiça. Na cara do povo e do torcedor. Sem o menor pudor.
As fontes são várias e soluções não faltam. O que falta é boa vontade,
competência e, principalmente, honestidade. Tenho certeza que se isso
acontecesse em um grau satisfatório, a paixão e a multidão trariam consigo de
volta o espetáculo. Tanto nas arquibancadas quanto no tapete verde do gramado.
Uma boa semana
a todos!