domingo, 15 de outubro de 2017

O QUE ESPERAR DAS NOVAS GERAÇÕES DO FUTEBOL BRASILEIRO?


Já contando praticamente com a segunda geração pós 2010, atuando amadurecida e atualmente fazendo a base da Seleção Brasileira, noto com certa preocupação uma lacuna muito grande entre as últimas revelações do futebol brasileiro e as que estão surgindo hoje. Jogadores como Robinho, Fred, Ricardo Oliveira, Zé Roberto, Nenê...fazendo a diferença e sendo jogadores fundamentais em seus clubes e com as apostas basicamente concentradas em Vinícius Jr., do Flamengo, é, sim, preocupante. Os clubes atualmente, com exceção de Cruzeiro, Corinthians, Palmeiras, vivem dificuldades financeiras agudas. E atualmente as únicas duas escolas que conseguem revelar bons jogadores e mantê-los por algum tempo são as do Santos e Cruzeiro. O Corinthians até melhorou um pouco, e os do Palmeiras, não são mais uma surpresa. Estratégias, como as que fazem o Fluminense com seus jogadores de Xerém, têm claro objetivo comercial. E nenhum dos jogadores anunciados como acima da média, na verdade o são. O mesmo percebo no Vasco, no Botafogo e nos demais clubes, incluindo o próprio Norte e Nordeste.

A cultura da garotada hoje em dia sofre muita influência da globalização. A tecnologia e o intercâmbio aumentam a distância entre uma promessa e a bola. Já se vê com certa normalidade surgirem campos de futebol americano, mais quadras de basquete, vôlei e outros esportes pouco comuns no Brasil. Sem falar na idolatria mais que cristalizada que mira o futebol internacional. A legião de admiradores e fãs de PSG, Barcelona, Real Madrid etc, devido aos craques brasileiros e os poucos internacionais como Messi, Cristiano Ronaldo, que captam atenção de grande parte do mundo esportivo nacional. Vale ressaltar a clareza do sucesso das raízes do nosso futebol. Pois a maioria dos nossos jogadores que fazem mais sucesso lá fora são mais franzinos, técnicos, portanto, dentro do nosso biotipo e das nossas origens. Precisamos urgentemente recuperar nossa vocação ofensiva e técnica. Hoje, nosso futebol é dominado por estilos estranhos aos nossos. O passe, o lançamento e principalmente a capacidade de driblar não podem viver mais afastadas do aprendizado e da filosofia de todas as categorias de nosso futebol. Principalmente as de base.     

Outra deficiência grave é o que cito constantemente aqui: o amadorismo das pessoas escolhidas para lidar com o esporte. Descobrir e dirigir talentos. Profissionais, ex-jogadores de futebol deveriam participar mais ativamente. Gente que tem história com bola. Profissionais que possam aperfeiçoar promessas, corrigir erros, enfim. Uma estrutura e uma filosofia de trabalho que priorize a qualidade técnica, dirigida a revelar craques, que volte a tornar o futebol brasileiro mais qualificado. Com jogadores dominando com mais facilidade os fundamentos. Fato que temos visto raramente na grande maioria dos jogos que assistimos. Não podemos esquecer que a possibilidade disso acontecer depende de muitos debates de dogmas e conceitos equivocados e absurdos que foram criados e implantados na mentalidade do futebol brasileiro atual. E para isso acontecer tem de haver também uma limpeza ética nesta modalidade. Comando, transparência e honestidade. Obviamente com organização e dirigentes sobre os quais não pairem dúvidas sobre suas intenções e sua história no mundo do futebol.

Boa semana!

Foto:  
Jan Kruger - FIFA/FIFA/Getty Images

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