São muito comuns na história do futebol brasileiro e
mundial injustiças que entraram para a história com determinado jogador. Um que
devia ser convocado, outro que foi dispensado, aquele que nunca foi sequer homenageado
pelo seus feitos em campo etc. Ocorreu-me, assistindo ao jogo de hoje de
abertura do campeonato brasileiro de 2018, tocar nesse assunto.
Particularmente, em relação a treinadores, a maior
injustiça que vi no futebol, no caso o brasileiro, foi jamais terem convocado
Didi, Valdir Pereira, para dirigir a seleção brasileira. Isso aconteceu por
ignorância, nenhum conhecimento do futebol e, principalmente, racismo. No
Brasil, negro não tinha vez e ainda não tem. Pelé para chegar onde chegou teve
que provar a cada dia que era de outro planeta. Mesmo assim, hoje, já idoso, se
aproveitam de algumas de suas infelizes declarações, que saem da boca do Edson
Arantes do Nascimento, para confundir com o atleta, jogador Pelé.
Tivemos várias injustiças, como creditar a Barbosa e
Bigode a perda da Copa de 50. A não convocação de vários jogadores de peso.
Jogadores como Roberto Dinamite, frequentemente desprezado por Telê. Falcão,
que foi obrigado a assistir do banco de reservas Chicão, do São Paulo, envergar
a camisa da seleção, na Copa de 78. Renato, tendo que ver do banco Müller em
seu lugar, na Copa de 90. Enfim, nessa história existem erros e absurdos.
Decidi por eleger Emerson, o “Sheik”, atualmente no
Corinthians, porque ao contrário do futebol passado onde havia valores de
reposição de alguma qualidade, hoje há uma disparidade entre o craque, o bom de
bola, para os jogadores comuns em geral, gritante. Seu apelido, “Sheik”, veio
por jogar no mundo árabe, onde empresários o carregaram, o distanciando do
nosso futebol. Uma pena, porque ele já jogava o nosso verdadeiro futebol.
Esteve há alguns anos no Flamengo, deu várias alegrias a
sua torcida, como o título brasileiro. Pouco depois, no rival, Fluminense, foi
o autor do gol do título brasileiro, mostrando a Fred, durante todo o
campeonato, em constante litígio, que não devia nada ao seu futebol e não era
obrigado a jogar em função dele. Mas, a torcida do Fluminense não o reconhecia
como deveria. Ainda há um grupo meio hipócrita, que gosta de rotular jogadores,
preocupados com suas intimidades. Como dizia Saldanha: “eu não quero jogador
pra casar com a minha filha”.
Logo depois, Sheik foi para o Corinthians, para
conquistar nada mais, nada menos, que um título brasileiro, uma Libertadores e
um título mundial. Já falando em se aposentar, ainda se deu ao luxo de aceitar
o convite da Ponte Preta, em 2017, jogando num péssimo elenco e, mesmo assim,
fazendo belíssimos gols e derrotando adversários de peso. Era sempre o destaque.
Agora, já aos 39 anos, mais um tabu, mais um preconceito
nosso, ele retorna ao Corinthians e, já no campeonato paulista, ajuda na
conquista do título, deixando sua marca com um gol bem ao seu estilo, de máxima
precisão. Hoje, contra o Fluminense, em uma partida que seguia empatada em 1 X
1, Fabio Carille o coloca em campo, por volta dos 23 minutos do 2º tempo, para
tentar mudar um panorama que naquele momento era ruim para o time da casa.
Aliado a outras mudanças bem feitas, o Corinthians
melhorou sua movimentação e, com jogadas quase sempre iniciadas, pensadas e
elaboradas por “Sheik”, começava a levar perigo ao gol do Fluminense. Até que
já perto do final da partida, Sheik dá um corta luz genial, numa jogada que
qualquer jogador comum faria o domínio, parte em velocidade para linha de
fundo, apesar de seus 39 anos, e cruza com consciência, fora do ponto de corte
da zaga, achando Rodriguinho, que, com categoria, decreta a vitória do Timão.
Fico me perguntando: então com 35 anos, como “vossa majestade”
Carlos Alberto Parreira e Luis Felipe Scolari deixaram de fora um jogador,
excelente driblador, veloz, preciso, inteligente, bastante habilidoso,
experiente e com a malandragem brasileira no sangue? Aqueles que fazia
cosquinha na seleção alemã eram superiores a ele? O próprio Fred, fez mais do
que ele faria? Fica por sua conta escolher. Eu tenho três opções: perseguição,
burrice ou falta de competência.
Ave, “Sheik”!
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