Mantido com honras de Estado como comandante da seleção
brasileira, embora seu objetivo maior, a Copa do Mundo da Rússia vencida pela
França, tenha ido por água abaixo, o treinador fez sua primeira convocação, na
qual, em minha opinião, o critério político permaneceu. No meu entender é mais
um “tiro de meta” fora da realidade do que o futebol brasileiro necessita.
Não vejo só pelos nomes que considero inadequados e pelo
lado político que citei, mas pelo modelo em que você percebe claramente que o
ideal do trabalho, o foco e a mentalidade serão mantidos. Vou comentar sobre os
nomes, embora, como frisei acima, não sejam o cerne principal da questão. Até
porque, nos melhores trabalhos realizados, sempre houve injustiças ou nomes sem
sentido sendo chamados para envergar a camisa da seleção.
Só pra dar um exemplo, na seleção de Deschamps, Benzema
ficou de fora, dando lugar a Giroud. Ocorre que Giroud merecia mais a confiança
de Deschamps e se enquadrava na sua mentalidade de jogo, que acabou sendo
vencedora. Na gloriosa seleção de 70, por exemplo, haviam alguns nomes
inferiores aos que ficaram no país. Mas os que foram preenchiam a necessidade
de tamanha constelação. O pensamento e a tática de Zagallo na ocasião estavam
corretos. Mesmo deixando, por exemplo, um jogador como Dirceu Lopes no Brasil.
Dos nomes escolhidos por Tite, fico sem saber a razão do
Lucas Paquetá agora e da exclusão do Cássio. O que ele não viu em Lucas Paquetá
até 3 meses que vai tentar ver agora? Era um jogador muito novo? E no próprio
Vinicius Junior que, já jogava um futebol mais do que a altura da camisa
amarela, mesmo para a Copa da Rússia, e não foi chamado. Qual modelo ele passará
a usar no qual Paquetá se encaixa? Paquetá já vinha mostrando a praticamente um
ano suas qualidades.
E Cássio deixou de jogar bem a ponto de justificar a
convocação de um goleiro de 19 anos, sem passagem pelo profissional e que, por
melhor que ele se saia nos anos a seguir, até a próxima Copa, para justifica-lo
com a camisa 1 no gol brasileiro, terá de
fazer muito em muito pouco tempo. Terá de ser um fenômeno. E Tite ainda
terá de ignorar o fato da posição de goleiro exigir, naturalmente, experiência.
Sua dificuldade em transformar as chances criadas na Copa
em gol o fizeram acelerar a convocação de Pedro, do Fluminense. Tite deu um
cartaz que Pedro ainda não tem, a meu ver. Um jovem de 21 anos, de boas
qualidades técnicas, sim, que,
inclusive, me surpreendeu com a rapidez com que nos últimos 6, 7 meses ganhou tranquilidade
nas finalizações, poder de fogo, precisão e ótimo posicionamento na área. Mas o
jovem, humilde e esforçado jogador, ainda está lutando pelo seu espaço e é
necessário ver seu desempenho enfrentando adversários, competições e situações
mais difíceis do que as que tem enfrentado como centroavante no momento.
Pedro se destacou. E um clube em um estado
pré-falimentar, como o Fluminense, quer vende-lo imediatamente, nem que seja
abaixo do valor que ele possa vir a alcançar, jogando, digamos, mais um ano
pelo clube. E em volta dessa vontade de vender Pedro, até fora do clube,
existem interesses diversos e sombrios intercalados e entrelaçados. Nesse caso,
se Pedro estrear e encher os olhos, no mínimo já ganha uma presença maior nas
convocações. Do contrário, aí Tite irá sentenciar que ele não está maduro
suficiente? Menos ainda ficará em clube diferente do que joga. A chance de
Pedro, no atual estágio, ter muita dificuldade, mesmo contra 11 camisas de El
Salvador e dos Estados Unidos, é bem real.
Pedro joga inserido em um sistema e em um esquema de jogo
onde sabe o que faz e o que fazem para ele. Na seleção terá de apagar tudo que
tem visto a sua volta em campo. Ou seja, até no caso de Lucas Paquetá, já mais
adiantado, e como Pedro, que estou falando, existe um propósito que pode inibir
o talento que de fato os dois jogadores têm.
Quanto aos demais, Fabinho, do Liverpool, já foi
convocado e não aprovou. Andreas Pereira me parece também uma convocação
política, com fundamento na nacionalidade belga do jogador. O Everton, do
Grêmio, é um atacante muito veloz e esforçado. Acho pouco. E, por fim, pelo
visto, Miranda e, principalmente, Gabriel Jesus, Tite concluiu que não serviram?
Gabriel Jesus pode não ter servido à maneira como Tite quis usá-lo. Isso sim
ficou evidente. Mas jogaria muito mais do que apresentou se o Tite o conhecesse
melhor e o colocasse na sua posição de origem no Palmeiras.
Para fechar, infelizmente, o mesmo problema da última
Copa tende a se repetir em 2022, no Catar. O uso do modelo errado e da mentalidade
que fere as raízes e autenticidade do verdadeiro futebol brasileiro.
Boa semana!
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