domingo, 19 de agosto de 2018

O RECOMEÇO DA SELEÇÃO DE TITE


Mantido com honras de Estado como comandante da seleção brasileira, embora seu objetivo maior, a Copa do Mundo da Rússia vencida pela França, tenha ido por água abaixo, o treinador fez sua primeira convocação, na qual, em minha opinião, o critério político permaneceu. No meu entender é mais um “tiro de meta” fora da realidade do que o futebol brasileiro necessita.

Não vejo só pelos nomes que considero inadequados e pelo lado político que citei, mas pelo modelo em que você percebe claramente que o ideal do trabalho, o foco e a mentalidade serão mantidos. Vou comentar sobre os nomes, embora, como frisei acima, não sejam o cerne principal da questão. Até porque, nos melhores trabalhos realizados, sempre houve injustiças ou nomes sem sentido sendo chamados para envergar a camisa da seleção.

Só pra dar um exemplo, na seleção de Deschamps, Benzema ficou de fora, dando lugar a Giroud. Ocorre que Giroud merecia mais a confiança de Deschamps e se enquadrava na sua mentalidade de jogo, que acabou sendo vencedora. Na gloriosa seleção de 70, por exemplo, haviam alguns nomes inferiores aos que ficaram no país. Mas os que foram preenchiam a necessidade de tamanha constelação. O pensamento e a tática de Zagallo na ocasião estavam corretos. Mesmo deixando, por exemplo, um jogador como Dirceu Lopes no Brasil.

Dos nomes escolhidos por Tite, fico sem saber a razão do Lucas Paquetá agora e da exclusão do Cássio. O que ele não viu em Lucas Paquetá até 3 meses que vai tentar ver agora? Era um jogador muito novo? E no próprio Vinicius Junior que, já jogava um futebol mais do que a altura da camisa amarela, mesmo para a Copa da Rússia, e não foi chamado. Qual modelo ele passará a usar no qual Paquetá se encaixa? Paquetá já vinha mostrando a praticamente um ano suas qualidades.

E Cássio deixou de jogar bem a ponto de justificar a convocação de um goleiro de 19 anos, sem passagem pelo profissional e que, por melhor que ele se saia nos anos a seguir, até a próxima Copa, para justifica-lo com a camisa 1 no gol brasileiro, terá de  fazer muito em muito pouco tempo. Terá de ser um fenômeno. E Tite ainda terá de ignorar o fato da posição de goleiro exigir, naturalmente, experiência.

Sua dificuldade em transformar as chances criadas na Copa em gol o fizeram acelerar a convocação de Pedro, do Fluminense. Tite deu um cartaz que Pedro ainda não tem, a meu ver. Um jovem de 21 anos, de boas qualidades técnicas, sim,  que, inclusive, me surpreendeu com a rapidez com que nos últimos 6, 7 meses ganhou tranquilidade nas finalizações, poder de fogo, precisão e ótimo posicionamento na área. Mas o jovem, humilde e esforçado jogador, ainda está lutando pelo seu espaço e é necessário ver seu desempenho enfrentando adversários, competições e situações mais difíceis do que as que tem enfrentado como centroavante no momento.

Pedro se destacou. E um clube em um estado pré-falimentar, como o Fluminense, quer vende-lo imediatamente, nem que seja abaixo do valor que ele possa vir a alcançar, jogando, digamos, mais um ano pelo clube. E em volta dessa vontade de vender Pedro, até fora do clube, existem interesses diversos e sombrios intercalados e entrelaçados. Nesse caso, se Pedro estrear e encher os olhos, no mínimo já ganha uma presença maior nas convocações. Do contrário, aí Tite irá sentenciar que ele não está maduro suficiente? Menos ainda ficará em clube diferente do que joga. A chance de Pedro, no atual estágio, ter muita dificuldade, mesmo contra 11 camisas de El Salvador e dos Estados Unidos, é bem real.

Pedro joga inserido em um sistema e em um esquema de jogo onde sabe o que faz e o que fazem para ele. Na seleção terá de apagar tudo que tem visto a sua volta em campo. Ou seja, até no caso de Lucas Paquetá, já mais adiantado, e como Pedro, que estou falando, existe um propósito que pode inibir o talento que de fato os dois jogadores têm.

Quanto aos demais, Fabinho, do Liverpool, já foi convocado e não aprovou. Andreas Pereira me parece também uma convocação política, com fundamento na nacionalidade belga do jogador. O Everton, do Grêmio, é um atacante muito veloz e esforçado. Acho pouco. E, por fim, pelo visto, Miranda e, principalmente, Gabriel Jesus, Tite concluiu que não serviram? Gabriel Jesus pode não ter servido à maneira como Tite quis usá-lo. Isso sim ficou evidente. Mas jogaria muito mais do que apresentou se o Tite o conhecesse melhor e o colocasse na sua posição de origem no Palmeiras. 

Para fechar, infelizmente, o mesmo problema da última Copa tende a se repetir em 2022, no Catar. O uso do modelo errado e da mentalidade que fere as raízes e autenticidade do verdadeiro futebol brasileiro.

Boa semana!

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