domingo, 5 de agosto de 2018

O QUE TITE TEM VISTO NO BRASILEIRÃO 2018?


Eu garanto que pouca coisa ou nada. Conheço há muitos anos esta história  do treinador ir a determinado jogo de campeonato para observar esse ou aquele jogador. Ou mandar um de seus agentes fazê-lo. O que será que ele vai ver que não tem visto pela TV, ao vivo? Vai mirar no alvo e acertar em outros ou vai observá-lo fisicamente mais de perto? Ou tem o dom de ver o que ninguém conseguiu perceber ainda? Uma coisa eu tenho certeza, é uma procura vaga. Dentro das pranchetas do treinador é a procura da opção que irá se encaixar ao seu esquema ou sistema num teste para ficar em definitivo, dependendo de sua adaptação, ou ser descartado.

Aí já começa o primeiro erro, alimentado pela crônica e opinião pública que usam aquele velho refrão sem lógica: “Jogador tal já merece uma chance na seleção, não é?”. Isto é absurdo. Seleção não é chance ou prêmio por bom futebol. É a convocação dos melhores, onde naturalmente o jogador sentirá, creio eu, muita alegria, e com razão, pela sua valorização profissional, progresso vestir a camisa da seleção de seu país. Estes três valores antigamente eram mais comuns.

De todo modo, segue a infeliz ideia, um erro capital, e mentalidade dos treinadores que ainda escolhem jogadores para o seu esquema e não um esquema para os seus jogadores. Nem a derrota da última Copa, onde alertei aqui que Tite não tinha um plano B, que era justamente um esquema onde outros nomes se adaptassem, foi suficiente. Tite seguirá do mesmo modo. No mesmo caminho que julga certo e que a maioria também acha, dizendo que ele já deixou um caminho pavimentado. Que caminho é esse? Como e com quem?

Ainda há um outro obstáculo complicadíssimo para este tipo de observação. Um clube joga no domingo, no Brasil, pelo Brasileiro, depois na quarta, pela Libertadores, às vezes fora do país, volta a jogar no domingo, pelo Brasileiro, depois na quarta, pela Copa do Brasil, num país gigantesco... Impossível manter a mesma performance. Nem o povo consegue acompanhar seu time direito. Uma desorganização que visa o lucro de forma desastrada e inconsequente. Os clubes jogam com os reservas, as lesões são frequentes, o gás dos jogadores naturalmente sempre acaba mais cedo, além da motivação, muito difícil de ser mantida.

Se hoje Tite foi ao Morumbi, ou algum espião seu, assistir a São Paulo e Vasco, o que ele teria visto num jogo de péssimo nível técnico? Nos jogos do Santos ele vai encontrar um Rodrygo como uma grande promessa, infernizando os adversários. Nos do Flamengo, um Lincoln e um Lucas Paquetá, este que já se destacava antes da Copa e, mais cedo ou mais tarde, deve vestir a camisa amarela. Nos do Fluminense, o centroavante Pedro, que talvez seja mais certa sua convocação se for negociado para algum clube do exterior. Aliás, sobre Pedro, cabe uma observação mais ampla. O centroavante tricolor, de 21 anos, vem mostrando um maior desembaraço, muita tranquilidade dentro da área, precisão e categoria nos arremates, além de ser um dos poucos na posição, como Ricardo Oliveira, já em fim de carreira, que enfrenta, também, as péssimas zagas dos times do nosso país. Talvez uma das maiores dificuldades de Tite seja justo as zagas no futuro.

Em todo caso, apesar de ainda receber críticas de alguns leitores em relação a Pedro, como de um torcedor amigo do Fluminense, por ter dito que ele ainda não tinha futebol que chamasse atenção há uns 8 meses, eu reconheço que, de fato, ele não só melhorou bastante, como evoluiu. Além de estar sendo nitidamente bem preparado. Salvo em não terem observado ainda que em várias vezes ele ainda cabeceia de olhos fechados. É preciso corrigir isso. Ainda tenho um pé atrás em relação a muito “oba-oba” precipitado. E uma das razões é a idade do jogador e a continuidade de seu avanço diante de adversários mais fortes.

A dificuldade será, no momento, dar progressão a Pedro. Arranque e velocidade. Porque é um jogador que, apesar de lutador e que se movimenta muito, não tem arranque. Mas isto pode ser compensado com a assessoria dos que jogam ao seu lado e com seu estilo físico e presença de área. Enfim, tem de se dar tempo ao tempo. Prefiro aguardar mais um pouco para me certificar de que seu futebol irá longe, assim como Lincoln, do Flamengo. O que já não é o caso de Lucas Paquetá e de Vinicius Jr. Talvez até de Rodrygo e do próprio Rodriguinho, do Corinthians, que já foi negociado para o exterior.

Enquanto isso, seguimos assistindo a um campeonato no domingo, outro na quarta, em breve virá um amistoso da seleção, o primeiro após a Copa, que eu acredito que trará mais melancolia do que sucesso e progresso nas observações de Tite. Respeito o treinador Tite, seu pensamento de jogo, seu trabalho, mas não concordo com sua visão de equipe e com sua visão do que é melhor para o futebol brasileiro e para a seleção que dirige.

Abraços!

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