As últimas notícias que geraram alguma polêmica esta
semana são referentes aos novos objetivos da Federation International Football
Association, a lendária FIFA. Seria injusto dizer que todas as suas administrações
foram abaixo da crítica, absurdamente equivocadas.
Em alguns aspectos ela contribuiu, sim, para o futebol,
dando-lhe status, organizando muitos detalhes. Em vários casos até unindo
países e continentes. Mas, atualmente, isso é coisa do passado. Quando os times
podiam gerir-se a si próprios e a autonomia pela força do futebol e de seus
dirigentes, gostassem ou não, tinha de ser respeitada.
Hoje, a história é outra. A FIFA se mete em tudo,
comercializa tudo e coloca o dedo do marketing até onde não tem de colocar e
não deve. Não adianta, senhora FIFA, suas medidas não vão suprir a ausência da
magia e do talento no futebol. Não vão facilitar o berçário do futebol com
novos “Pelés”, “Beckenbauers”, “Maradonas”, etc.
Na última Copa eu até concordo que ela tenha dado uma
bola dentro. Refiro-me ao VAR. Em casos especiais é necessário, sim, rever
aquele tal lance que faria injustiça a determinada equipe. O VAR ainda é um pouco
cercado de exibição desnecessária. Em todo caso, é, sim, válido. Como foi
válida através dos anos a integração dos países e a inclusão de maiores
oportunidades nas disputas das eliminatórias para as Copas do Mundo.
Pois é, só que aí se estraga tudo quando começam a
permitir campos de grama sintética, que modificam brutalmente uma partida de
futebol em seus mínimos detalhes, sempre para pior. E apesar da modernidade de
tais pisos, o risco de lesões articulares ainda é maior. O tempo técnico, por
pior que sejam as condições atmosféricas (a não ser um dilúvio ou uma situação
de um calor escaldante que coloque em risco a própria vida do jogador) é outra
medida infeliz. Futebol não é basquete. Você parou, para tudo. Para a
integração da torcida com o jogo. Muitas vezes desvia até o rumo de uma
partida.
A novidade agora é o Mundial Interclubes acontecendo de 4
em 4 anos e com a presença de 24 equipes. Ora, um dos segredos do futebol é
esperar por um resultado. Simplesmente você vai criar um campeonato de uma
inevitável competição paralela com a Copa do Mundo. A finalidade é financeira,
é óbvio. Mas, calamitosa. Muita gente vai esquecer até que existe tal
competição.
Outra infeliz ideia é a tentativa de já na próxima Copa,
no Catar, colocar 48 equipes. Assim como numa final de campeonato regional ou de
caráter continental o jogo de ida e volta tira parte da emoção e do glamour do
jogo final, continuar inventando ao colocar 48 times, inchando uma competição
que eu sei que o seu início não passa de uma confraternização, para, de uma
hora pra outra, começar a correr contra o tempo alegando que esse funil é que
traz a graça e o segredo da competição, é uma péssima inovação. A tal hora que
se você perder, está fora. Continua sendo injusto uma equipe sair da Copa do
Mundo com uma performance geral melhor que outra. Uma ressalva para os jogos
eliminatórios e o jogo decisivo.
Eu acredito que estes erros aconteçam devido aos
executivos que se metem no mundo da bola. Os olhos veem cifrão, mas eles nem
sabem de que é feita a bola, qual deve ser a melhor e como se deve programar um
jogo para que seja bem jogado. A direção de uma FIFA combina com Zidane, Beckenbauer,
Maradona (sim, por que não?), Seedorf, Zanetti, Baggio, o próprio Pelé como
conselheiro, enfim, há vários nomes especialistas, anos luz à frente de gente
que nunca tocou numa bola, mas que não têm vez.
Peço encarecidamente, como no título da matéria, pare,
Dona FIFA! Se não atrapalhar, já está ajudando muito!
Nota: não podia deixar de fazer uma referência, uma
homenagem, a um dos maiores centroavantes do futebol brasileiro, Coutinho, que
fazia uma dupla de ataque com Pelé das mais famosas, senão a mais famosa do
futebol mundial até hoje. Um nasceu para o outro. Coutinho sabia onde Pelé
estava e Pelé parecia ter GPS para localizar Coutinho. A precisão dos passes em
meio a uma montanha de zagueiros, todos primando por um verdadeiro balé de um
toque só, ofensivo, técnico, raro, mortal. Quem marcou essa dupla sabe bem o
que passou. Eu tive a felicidade de vê-los no fim da carreira nos estádios de
futebol.
Que o nosso querido, humilde, de um caráter maravilhoso e
de um futebol impecável e inteligentíssimo, descanse em paz. Obrigado,
Coutinho!
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