Se você, amigo leitor, perguntar a alguém da comissão técnica
da seleção, ou mesmo aos atuais “xerifes” dos clubes brasileiros ou de outros
países, irão justificar que o elenco precisa se encontrar, conviver, é
necessário experimentar novos nomes, algumas variações táticas, enfim, testar o
comportamento, aprimorar o conjunto e manter em dia o contato com o futebol que
atualmente jogam esses jogadores.
Ocorre, falo especificamente no caso da seleção
brasileira, que os adversários dos amistosos são mal escolhidos. Ao invés de
ajuda-los a preparar seu time, acabam dando uma impressão errada do material humano
e dos conceitos que você têm atualmente. Ora, a maioria dos clubes de ponta, só
pra citar como exemplo, Espanha, Inglaterra e França, são a casa da maioria
desses jogadores. A cada convocação são chamados ao menos 18 jogadores que
atuam fora do país. Aí começa o primeiro problema. O modo deles encararem o amistoso e a preparação é muito diferente daquele
jogador que está almejando um degrau de sucesso no exterior e joga em algum
clube do Brasil. Isso complica também o conjunto. Há, sem dúvida, uma
intimidade maior, tanto técnica, quanto propositiva, entre os jogadores que
atuam nos grandes clubes do exterior. Para piorar o cenário, dificilmente o
treinador, vamos falar de Tite, por exemplo, escala de saída os jogadores que
viu jogando em seu país e quer testa-los com a camisa amarela nesses amistosos.
No passado havia raros jogadores da Alemanha, da Rússia,
da Espanha, da Argentina e até mesmo do Brasil, que jogavam fora de seus
países. Um amistoso, por exemplo, nos anos 70, reunia a base de dois ou três
times, como foi o caso de Santos, Botafogo e Cruzeiro. Já saíam do Brasil
escalados. E quem era pra ser testado não era escalado por 20, 30 minutos. E as
tais observações que o treinador fazia, viajando de estádio em estádio, se
tornavam realidade quando a tal promessa mostrava e comprovava sua qualidade.
Não apenas por 1 ou 2 jogos ou por pressão da mídia e da torcida. Até porque, não
há gênio no mundo que enxergue apenas em uma partida que jogador A ou jogador B
vá se encaixar nos seus planos estratégicos.
Portanto, quais as conclusões e exemplos sobre Brasil 1 X
1 Panamá? O Panamá foi impiedosamente goleado na última Copa, na Rússia, por
Bélgica e Inglaterra. O Brasil sabe disso. Por mais que o treinador desminta e
tente incentivar, não existe a mesma disposição de um amistoso com a Bélgica,
por exemplo. Não há como detalhar se as falhas que ocorreram contra o Panamá se
devem por uma má fase individual de alguém, coletiva ou de um setor específico.
Panamá não é um bom teste. Pode ser um bom treino, mas o ganho é ínfimo. O
próximo adversário é a República Tcheca, que perdeu o caminho da bola desde sua
modificação política. Outro amistoso sem sentido e talvez até mais fácil, pela disposição
dos jogadores do Panamá em correrem mais ao verem a camisa amarela.
A ideia é comercial. A marca, os patrocinadores etc, têm
que faturar. O problema maior e que venho chamando atenção há muitos anos, é que
enquanto vão faturando, enchendo o bolso de dinheiro, tornando alguns jogadores
milionários, o futebol vai caindo, apagando e se perdendo em qualidade, alma e
propósito. Confesso que a cada dia vejo o futebol brasileiro mais distante de recuperar
sua hegemonia mundial. Infelizmente.
Boa semana!
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