Minha gente, numa tarde fria, até demais para os padrões
cariocas, a torcida que pôde comparecer ao Maracanã e pagar cerca de 200
dólares, em média, viu o Brasil vencer mais uma Copa América: 3 X 1 diante do
Peru. Porém, não viu emoção, competitividade, alegria, futebol bem jogado e uma
grande integração da torcida num todo com o jogo.
Foi muito triste em matéria de qualidade e de futebol o
que vi das duas equipes. De cara, um gramado ruim, embora aparentemente
verdinho, reluzente, com a bola quicando como se fosse uma bola de tênis,
trazendo maior dificuldade em seu domínio e promovendo, em alguns momentos, um
festival de erros e um perde e ganha que lembrava bastante uma pelada de
várzea. O Brasil saiu na frente graças a precisão de passe de Daniel Alves e a
velocidade de Gabriel Jesus. Isso foi suficiente para abrir o placar na
conclusão fácil de Everton na mal postada e estabanada defesa peruana. O jogo
seguiu sem sal, com o time brasileiro recuado, explorando os contra-ataques, a
exemplo do que fizera na partida contra a Argentina.
Para surpresa de todos e com o Brasil já cedendo mais
campo ao Peru, em um cruzamento despretensioso, a bola toca na mão de Thiago
Silva e, mesmo consultando o VAR, o juiz chileno marca um pênalti inexistente.
A FIFA tem que arrumar, entre outras coisas, as regras do jogo e o papel do VAR
ou os jogadores terão de entrar em campo com uma cinta elástica amarrando os
braços à cintura. Cobrado o pênalti, o Peru chega ao empate para desespero do
agitado técnico Tite, que parecia gesticular e orientar mais a nós,
espectadores, do que ao próprio time. Facilitando as coisas, o volante peruano
Yotun briga com a bola e dá o presente que o Brasil queria. No último minuto do
primeiro tempo, Brasil a frente outra vez.
Os primeiros minutos do segundo tempo mostraram um Peru
estranhamente estático, pouco competitivo, que assistia a seleção brasileira
jogar um futebol burocrático. Talvez pela facilidade de penetração ser tamanha,
Coutinho e Everton andaram perdendo chances infantis. Mas não havia reação
nenhuma por parte da equipe peruana. A partida seguiu arrastada, truncada e com
lances de pouquíssima inspiração. Inexplicavelmente o treinador da seleção
peruana, o argentino Gareca, não fazia alterações na sua equipe. Fazendo-me
lembrar, estranhamente, do que dissera Messi sobre essa Copa América. O Peru
parecia satisfeito em ser vice-campeão. Muito distante do Peru que vimos diante
do Uruguai e do Chile, mostrando disposição e vontade incomuns. Se não atuara
com desenvoltura, ao menos se defendia como podia.
Mas, não, nem o Peru atacava buscando o empate (só o fez
em um chute de Flores que passou perto da trave de Alisson), nem o Brasil tinha
jogada de preparação ofensiva e finalização. O time corria com a bola. Talvez
irritado em não receber um mínimo de passes e tabelas, Gabriel Jesus exagerou
em uma entrada sobre Zambrano. O juiz chileno foi rigoroso e deu o segundo o
amarelo, o expulsando. Esperava-se uma pressão do Peru que não aconteceu. Volto
a repetir, o Peru parecia satisfeitíssimo com o segundo lugar.
Até que, em jogada individual, Everton levou um tranco do
zagueiro peruano e, novamente, consultando o VAR e tudo o mais, o chileno
errou. A FIFA também terá de rever se o futebol virou basquete ou tranco de
ombro, outrora permitido, hoje não é mais. Richarlison bateu e converteu,
fazendo o terceiro gol da seleção e garantindo mais uma conquista de Copa
América para a seleção brasileira.
Pessoalmente, confesso que espero nunca mais assistir a
um torneio tão estranho e mal jogado, com raros momentos de brilho e emoção,
como foi essa Copa América de 2019 no Brasil. Agradeço à seleção japonesa B por
ter me dado alguns momentos de satisfação e esperança no futuro do futebol,
pelo que mostrou no torneio.
Nota: meus parabéns à seleção americana feminina, que, aí
sim, conquistou com sobras a Copa do Mundo de Futebol da modalidade, na França.
O exemplo do futebol feminino americano está visível há mais de 20 anos para
quem quiser ver. Planejamento, estrutura, competência, apoio e seriedade. No
dia que o Brasil conseguir reunir metade do que as seleções femininas
americanas reúnem, aí, quem sabe, vai poder brigar de igual para igual com ela
e mais duas ou três. No momento, não existe adversário ainda para a seleção
feminina de futebol dos Estados Unidos.
Boa semana!
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