domingo, 7 de julho de 2019

UM BRASIL SEM BRILHO VENCE A COPA AMÉRICA


Minha gente, numa tarde fria, até demais para os padrões cariocas, a torcida que pôde comparecer ao Maracanã e pagar cerca de 200 dólares, em média, viu o Brasil vencer mais uma Copa América: 3 X 1 diante do Peru. Porém, não viu emoção, competitividade, alegria, futebol bem jogado e uma grande integração da torcida num todo com o jogo.

Foi muito triste em matéria de qualidade e de futebol o que vi das duas equipes. De cara, um gramado ruim, embora aparentemente verdinho, reluzente, com a bola quicando como se fosse uma bola de tênis, trazendo maior dificuldade em seu domínio e promovendo, em alguns momentos, um festival de erros e um perde e ganha que lembrava bastante uma pelada de várzea. O Brasil saiu na frente graças a precisão de passe de Daniel Alves e a velocidade de Gabriel Jesus. Isso foi suficiente para abrir o placar na conclusão fácil de Everton na mal postada e estabanada defesa peruana. O jogo seguiu sem sal, com o time brasileiro recuado, explorando os contra-ataques, a exemplo do que fizera na partida contra a Argentina.

Para surpresa de todos e com o Brasil já cedendo mais campo ao Peru, em um cruzamento despretensioso, a bola toca na mão de Thiago Silva e, mesmo consultando o VAR, o juiz chileno marca um pênalti inexistente. A FIFA tem que arrumar, entre outras coisas, as regras do jogo e o papel do VAR ou os jogadores terão de entrar em campo com uma cinta elástica amarrando os braços à cintura. Cobrado o pênalti, o Peru chega ao empate para desespero do agitado técnico Tite, que parecia gesticular e orientar mais a nós, espectadores, do que ao próprio time. Facilitando as coisas, o volante peruano Yotun briga com a bola e dá o presente que o Brasil queria. No último minuto do primeiro tempo, Brasil a frente outra vez.

Os primeiros minutos do segundo tempo mostraram um Peru estranhamente estático, pouco competitivo, que assistia a seleção brasileira jogar um futebol burocrático. Talvez pela facilidade de penetração ser tamanha, Coutinho e Everton andaram perdendo chances infantis. Mas não havia reação nenhuma por parte da equipe peruana. A partida seguiu arrastada, truncada e com lances de pouquíssima inspiração. Inexplicavelmente o treinador da seleção peruana, o argentino Gareca, não fazia alterações na sua equipe. Fazendo-me lembrar, estranhamente, do que dissera Messi sobre essa Copa América. O Peru parecia satisfeito em ser vice-campeão. Muito distante do Peru que vimos diante do Uruguai e do Chile, mostrando disposição e vontade incomuns. Se não atuara com desenvoltura, ao menos se defendia como podia.

Mas, não, nem o Peru atacava buscando o empate (só o fez em um chute de Flores que passou perto da trave de Alisson), nem o Brasil tinha jogada de preparação ofensiva e finalização. O time corria com a bola. Talvez irritado em não receber um mínimo de passes e tabelas, Gabriel Jesus exagerou em uma entrada sobre Zambrano. O juiz chileno foi rigoroso e deu o segundo o amarelo, o expulsando. Esperava-se uma pressão do Peru que não aconteceu. Volto a repetir, o Peru parecia satisfeitíssimo com o segundo lugar.

Até que, em jogada individual, Everton levou um tranco do zagueiro peruano e, novamente, consultando o VAR e tudo o mais, o chileno errou. A FIFA também terá de rever se o futebol virou basquete ou tranco de ombro, outrora permitido, hoje não é mais. Richarlison bateu e converteu, fazendo o terceiro gol da seleção e garantindo mais uma conquista de Copa América para a seleção brasileira.

Pessoalmente, confesso que espero nunca mais assistir a um torneio tão estranho e mal jogado, com raros momentos de brilho e emoção, como foi essa Copa América de 2019 no Brasil. Agradeço à seleção japonesa B por ter me dado alguns momentos de satisfação e esperança no futuro do futebol, pelo que mostrou no torneio.

Nota: meus parabéns à seleção americana feminina, que, aí sim, conquistou com sobras a Copa do Mundo de Futebol da modalidade, na França. O exemplo do futebol feminino americano está visível há mais de 20 anos para quem quiser ver. Planejamento, estrutura, competência, apoio e seriedade. No dia que o Brasil conseguir reunir metade do que as seleções femininas americanas reúnem, aí, quem sabe, vai poder brigar de igual para igual com ela e mais duas ou três. No momento, não existe adversário ainda para a seleção feminina de futebol dos Estados Unidos.

Boa semana!

Nenhum comentário:

Postar um comentário