O recado é pra você, Cruzeiro, Vasco da Gama, mas,
principalmente, para o Fluminense. Neste sentido, existe uma conta de débito
esportivo já histórica com o tricolor das Laranjeiras. Em uma das últimas
parcelas dessa dívida, um dos protagonistas principais foi você mesmo, Mário
Bittencourt, hoje Presidente do Fluminense Futebol Clube.
Em 2013, como advogado, você conseguiu junto ao STJD um
caminho anti-esportivo para livrar o time da série B. Não vou entrar em maiores
detalhes, mas o que aconteceu entre Fluminense, Portuguesa e Flamengo,
envolvendo a própria Unimed e o atual vice-Presidente, Celso Barros, me deixou,
como esportista, envergonhado.
E é muito triste que haja uma grande parte de torcedores
que apoie esse tipo de manobra, sem perceber que seu clube vai ficando “mal na
fita”. Vai perdendo popularidade, moral, simpatia, mais ainda quando se trata
de um clube de 117 anos de existência e que já sofrera problemas dessa ordem
nos anos 90, passando por situações humilhantes e vexaminosas. Não sou eu que
digo, a história registrou.
Dos três clubes que mencionei, o Cruzeiro tem um elenco
bem melhor que o do Fluminense, mas passa por turbulência política interna que
vem afetando o desempenho da equipe há mais de 3 meses. E o Vasco, apesar do
excelente treinador que tem, tenta tirar água de pedra, com um elenco igual ou
pior que o do Fluminense.
Voltando ao tricolor, já disse aqui que vi torcedores
lamentando a saída de Fernando Diniz, no mês passado. Eu acompanhei o trabalho
dele desde o início até sua demissão e não faltam críticas a seu modelo de jogo
e muitas vezes à escalação escolhida. Nenhum time, Barcelona, Real Madrid ou Liverpool,
joga para trás hoje no mundo. Muito menos se não tiverem defensores de
qualidade técnica, saída de bola de harmonia e timming e homens objetivos, rápidos e eficientes na frente. Diniz
insistiu nisso e 90% da agonia atual vem das ideias dele.
Entretanto, sua substituição, que era um momento chave
(não poderia haver escolha errada, mesmo sem verba para voos mais altos), foi
ruim também. Oswaldo de Oliveira não tem o perfil e a visão de futebol que o
clube precisa. Já disse aqui que com Harvard, sem Harvard, com PHD ou não, o
treinador estava lá. Foi aquele que foi a São Paulo e fez, ao meu ver, o melhor
dos últimos 10 jogos do clube, jogando contra o Corinthians, em seus domínios,
consciente, competitivo e travando o adversário. É o suficiente? Evidente que
não. Ninguém vive de pouco assim. Mas Marcão é boleiro, jogou lá, estava lá e é
muito querido e experiente. Não havia razões para não seguir com ele. A não ser
as que lamentavelmente suspeito.
Hoje, no Serra Dourada, o Fluminense enfrentou um Goiás
de jogadores de média de idade baixa, bem dirigidos pelo excelente treinador
Ney Franco, e que foi para o jogo com uma estratégia pronta, ao contrário do
Fluminense, que toca 30, 40 passes e no limiar da grande área tenta romper uma
parede defensiva como num passe de mágica, usando raio-x, sem variedade de
jogadas, sem qualidade técnica do lateral escolhido para o lugar de Igor
Julião, sem jogadas agudas de linha de fundo, sem o toque individual, com as
joias de Xerém omissas e desligadas, com um Ganso que chega a dar depressão ao
ver andar em campo, com uma zaga sem sintonia, sem projeto, sem linha de
marcação.
O 3 a 0 pode ter parecido muito, mas foi, sim, de bom
tamanho. Não foi maior o resultado porque o projeto de jogo do Goiás era
aquele, de contra-ataque. E qualquer time hoje do futebol brasileiro, mesmo
fraco, que tenha pelo menos um bom preparo físico, se jogar na defesa, marcar
bem e sair nos contra-ataques, pode não vencer, mas não perde do Fluminense de
modo algum.
Ou a direção do clube age imediatamente ou o caminho da
série B - nem nos tribunais dessa vez - será evitado.
Uma boa semana!
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