Evidente que não. Melhorou? Claro que sim. E essa melhora
denuncia com toda a clareza que algo de muito podre, que não fora somente
incompetência e erros sistemáticos que nos derrubaram em 2014. A distância de
lá é muito pequena e não existe treinador no Brasil e em lugar nenhum que faça
esse milagre da noite pro dia. Consegue, sim, organizar melhor a defesa, como
tem acontecido, convocar melhor, passar seriedade, vontade e união à equipe. Bastou
isso para o trabalho de Tite decolar.
Mas não se pode ignorar que entraram em queda várias
equipes sul-americanas. O último deles, o Chile. A Argentina vem caindo desde a
final da Copa. O Equador, a Colômbia... Tanto é que a meca das contratações têm
sido a América do Sul, justo por falta de recursos no Brasil e nos países
vizinhos. O próprio Uruguai, vítima de um 4 a 1 um pouco surpreendente. Não
pela esplêndida atuação nacional. Mas sim pelos erros de tentativas ofensivas
inúteis e uma defesa bem frágil para os padrões uruguaios. De qualquer modo, volto
a frisar, não anula o progresso de nossa seleção.
O dia não era só de Paulinho. Era de Neymar. Desde os
primeiros jogos comandados por Tite o que se percebe com facilidade é a
confiança que os jogadores readquiriram. O semblante denuncia e as jogadas
individuais também. Há uma solidariedade visível entre as camisas amarelas. E
isso é mérito de Tite, da comissão técnica, mas também da vontade que foi
restabelecida.
E volto a insistir: apesar de Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho
e um time individualmente superior em 2002, queiram ou não Felipão era o
técnico. E a seleção, agora em 2014, vinha deslanchando na Copa das
Confederações. Vinha jogando solta e em alguns momentos apresentando um bom
futebol. Mas havia um clima político no país que soprava na contramão daquele
que soprou em 1970. Aí você vai me perguntar: você está insinuando que o Brasil
jogou para perder em 2014? E eu vou lhe responder: não sei. Só sei que não
jogou para ganhar. Isso eu tenho certeza.
Quanto ao Brasil ideal para 2018, é muito cedo para
falar. Mais ainda para definir se o time será ou não esse. Algumas posições
ali, como a lateral, por exemplo, certamente não se sustentarão até a próxima
Copa. E a evolução do grupo com certeza irá encontrar outros percalços bem mais
difíceis que naturalmente a obrigarão a jogar de forma diferente. E isso eu não
vou apostar. Ninguém pode apostar.
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