domingo, 11 de junho de 2017

POR QUE OS TÉCNICOS "DANÇAM" NO BRASIL?


Na verdade a grande maioria se torna técnico para dançar e se acostumar a isso. Sem o mínimo medo de errar, eu aposto que a maioria dos que querem se tornar técnicos não alcançam seu objetivo. Conheço e conheci muitos profissionais e gente anônima, ex-boleiros, até torcedores com visão acima, reunindo várias qualidades para virem a ser técnicos de futebol. Se seriam de sucesso ou não, é outra história.

Não se mede a qualidade de um técnico apenas por seu mundo de vitórias e títulos. Isso é uma total ignorância. Vários treinadores comprovadamente geniais não ganharam os chamados “títulos máximos do futebol”, seja nacional ou internacionalmente. Apenas para citar alguns exemplos, apesar de campeão mundial interclubes, Telê teve tudo pra ganhar pelo menos uma Copa. Embora não tenha sido o meu predileto, quem pode duvidar de sua capacidade? Tim, Elba de Pádua Lima, foi outro estrategista, profundo conhecedor de futebol. E jamais treinou a seleção brasileira, sequer. Didi, pra mim o maior que vi e até convivi como jogador amador, jamais se tornou campeão mundial ou interclubes.

Temos outros mais como Danilo Alvim, Zizinho e Carlinhos, do Flamengo, que eram excepcionais. Dos mais recentes, Muricy, com muitos títulos importantes no currículo não conseguiu chegar à seleção. Assim como Espinosa, uma exceção por ter sido campeão do mundo interclubes, hoje aposentado como técnico, fazendo um grande trabalho como diretor junto com Renato, no Grêmio. Também considero que Renato e Leão mereciam melhor sorte até hoje. Embora Renato, atualmente mais amadurecido, ainda tenha boas chances de ir mais longe. A meu ver Tite e Cuca e Marcelo Oliveira também merecem a função que exercem.

Agora, respondendo objetivamente ao título da matéria, independente de ter esquecido um ou outro nome, a maioria dos treinadores de hoje ou são empresários de futebol ou são ligados a empresários que os trazem para os clubes onde trabalham. Muitas vezes o próprio treinador, cheio de nome, pompa e destaque na TV e no meio esportivo, chega a um clube, digamos de ponta, porque traz consigo uma penca de jogadores ou laranjas e olheiros de empresários que os disponibilizam muitas vezes tendo de obedecer a certos acordos entre eles.

Em outros casos, são indicados pelo próprio empresário ou por compromissos de algum deles com gente do clube onde houve a vacância do cargo. Muitas vezes proposital, com a má fé de dirigentes e até jogadores, visando seus interesses. Em outros casos mudanças ocorrem pela absoluta falta de suporte, de planejamento, de uma mínima estrutura de um clube de futebol no sentido profissional para que seu trabalho dê resultado.

Outro dia mesmo ouvi o ex-jogador Roger, meia esquerda de Fluminense e outros clubes, levantar a ideia de que os treinadores atuais não poderiam trabalhar com tantos “superpoderes”. Que deveriam submeter, dar satisfações de seus trabalhos aos dirigentes do clube. Aos superpoderes eu concordo, mas pergunto: quem iria assumir as derrotas? E outra, quais dirigentes têm condições de argumentar, cobrar o erro e o acerto desta ou daquela escalação, de um esquema de jogo, por exemplo, de um treinador hoje? Raríssimos.

Você identifica até com alguma facilidade os treinadores que entraram nos clubes via empresário por suas excessivas exposições na mídia, normalmente muito cedo, suas ascensões meteóricas, suas concepções de futebol, que normalmente se baseiam na intensidade total, na força, na marcação e no resultado final de um jogo ou momentâneo. Portanto, não faço coro com a crônica esportiva em geral quando, via de regra, ela critica essa situação que virou rotina há muitos anos no futebol brasileiro.

Trabalhem sério, com gente do meio, tendo ou não grandes elencos na mão, além de dirigentes comprometidos com o futebol ao menos, vindos do futebol, não necessariamente tendo sido jogadores, mas de preferência que tenham tido experiência prática no esporte e não somente teórica ou via notebook e influências gerais locais, internacionais etc, que vocês verão mais coerência nas admissões, demissões, além de regularidade e qualidade técnica, física, psicológica etc na equipe em que este técnico em questão estiver provando que conhece futebol. Estiver provando e convencendo que tem tudo a ver com o ramo escolhido.

Nota: Tem me agradado em cheio o futebol do Grêmio e Renato Gaúcho, felizmente um ex-boleiro, tem mostrado mais amadurecimento como treinador. Tenho achado suas atitudes mais acertadas do que há alguns anos. A ponto de influir na mudança de estilo de jogo de uma escola tradicionalmente de força como a do futebol gaúcho. Mas, prefiro aguardar mais um pouco antes de rasgar elogios para Renato e sua comissão técnica.

Bom domingo para todos!

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