domingo, 18 de junho de 2017

SE VOCÊ NÃO PENSA COMO NÓS, VOCÊ É CONTRA NÓS


Pois é, você deve estar pensando ao que me refiro e onde isso se encaixa no futebol. Vamos lá! Esse é o pensamento reinante da maioria dos clubes hoje no Brasil. Quando você critica e aponta defeitos, se torna um inimigo. Não sabem trabalhar ouvindo críticas. Justas ou não. Curioso que é uma anomalia nossa na condução do futebol, embora alguns aspectos sejam comuns em outros países. Mas este traço é exclusivo.

Há uma equipe que se diferencia há alguns meses e que vive um grande momento, o Grêmio, comandada por Renato Gaúcho e Espinosa. O Grêmio no momento joga um futebol incomum para a escola gaúcha, mas correto. Era competitivo nos tempos de ouro de Falcão e Carpegiani, mas não abriam mão de sua técnica. Vou usar como exemplo os dois rivais de hoje, Flamengo e Fluminense, que empataram por 2 x 2 no Maracanã. Os dois clubes se encontram lá pelo meio da tabela, com o mesmo número de pontos, e ambos desagradando sua torcida. Com um pé na crise e outro na esperança a grande maioria da torcida do Flamengo presente hoje se deu pela última vitória. E a pouca presença do torcedor do Fluminense, pela desconfiança em seu elenco.

Os problemas do Flamengo têm origem na incompetência de sua administração. Não de seu treinador, que faz um bom trabalho há algum tempo. A diretoria do Fla não consegue enxergar, ou não quer enxergar, que o Flamengo não pode ser tratado como elenco de temporadas apenas usando nome e prestígio de certas contratações. Tem que saber deixar jogar. Respeitar o tempo de maturação do jogador e a necessidade de formação de um conjunto. Do contrário, não adianta ficar jogando banana para a torcida, como fez o Presidente do Fla no jogo com o Avaí, porque a torcida está certa. O time será sempre vítima da irregularidade. Vítima de resultados pouco comuns, como a saída prematura da Libertadores, mas repetitivos. Justo pela falta de um projeto de equipe.

Já o Fluminense, que felizmente ainda não deposita em Abel a responsabilidade pela campanha irregular até aqui, comete erro talvez até mais grave. Exagerando no lançamento de garotos no time sem a mescla necessária com os mais experientes. E entrega a condução de seu futebol nas mãos de pessoas intituladas “profissionais”, mas que não fazem jus a este título, porque não tem vivência prática e afinidade com o meio. Jamais você produzirá craques apenas com aulas de audiovisual, palestras, boa alimentação, boas instalações, projetos e mais projetos de guerreirinhos teóricos. Nunca vi. Você já viu algum? Diga-me algum craque que tenha surgido desta filosofia, descoberto pelos próprios empresários que exercem outras profissões e que nada mais, nada menos, são responsáveis por indicar jogadores e oferecer estas “ferramentas” de trabalho ao treinador escolhido. Não faria diferença positiva a saída de Abel. Pelo contrário. Seu tipo de comando é o mais indicado ainda para um time imaturo. Se não fosse ele, tenham certeza que o time estaria bem mais atrás. O que outro treinador inventaria? Que mexida e que estratégia seria capaz de usar para colocar o Fluminense entre os primeiros?

Enquanto o Fluminense mantiver esse pensamento dissimulado, essa filosofia nociva ao Clube, que no fundo visa interesses comerciais, o clube não passará de uma promessa de Xerém, de guerreirinhos, gladiadores, heróis e outros ufanismos. Ou vai encerrar as partidas sempre culpando a arbitragem por pênaltis ou erros possivelmente não assinalados. Acentuando uma paranoia que faz com que sua própria direção e torcida se esqueçam de que, em 8 jogos, vários pênaltis já foram marcados e que o clube seguiu em 2013, na Série A, de forma duvidosa. O problema não está na arbitragem, nem na torcida, e sim na mentalidade e filosofia escolhida para justificar um trabalho num clube de futebol, aliada a um falso modernismo. Modernidade não é mais segredo. A parte científica faz parte do futebol. Os outros clubes também possuem. Mas a ciência jamais será responsável por revelar grandes craques ou levar um time a grandes conquistas.

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