domingo, 2 de julho de 2017

COMO PARAR A ALEMANHA?



Em princípio, fazendo o óbvio: jogando futebol. Mas aí vem a pergunta: e o Chile? Não jogou um bom futebol hoje? Não esteve, assim como a Argentina na final da Copa de 2014, mais perto de balançar as redes alemãs e vencer a partida? Sim. Apesar do quê, na decisão com a Alemanha de 2014, o time alemão tinha mais jogadores técnicos e experientes. E a Argentina, jogando uma Copa irregular, sabia como poucos  enfrentar uma decisão sem tremer, ainda mais em solo sulamericano. Tanto que a partida foi decidida a dois minutos do fim da prorrogação. E as três chances reais de gol da Argentina foram flagrantes e por razões de erros técnicos, não emocionais, como as do Chile hoje.

Porém, antes de começar a falar do jogo de hoje, acho necessário lembrar que a FIFA, como de hábito, continua fazendo tudo para acabar com o futebol. Não pode esquecer que futebol não é basquete. Não pode ser parado com tanta frequência. Esse recurso é pra ser usado em último caso, em lances tipo: bola entrou ou não. O resto é interpretativo, meu amigo. Fica a cargo do juiz. 
Mas voltando ao jogo de hoje...

Hoje o Chile, que tem uma boa seleção e um forte ataque, não perdeu apenas para o esquema bem feito que o futebol alemão vem usando. Perdeu principalmente por não saber controlar os nervos, por querer que a bola entrasse de qualquer maneira. No primeiro tempo, então, isto ficou mais evidente. O Chile jogando com muita intensidade, mas muito ansioso na hora de finalizar. Numa decisão isso faz muita diferença. Principalmente com um time frio como a Alemanha, que dificilmente erra. Um time que joga cheio de arapucas táticas, com um conjunto muito bem treinado, que dificilmente levanta a bola num passe. O próprio erro que resultou no primeiro gol da Alemanha foi numa cilada dessas. O time alemão costuma marcar a saída de bola, colocando dois jogadores no campo adversário e mais dois no limite de sua meia lua. Quando se esgota a troca de passes na saída de bola, só restando ao adversário, por segurança, o chutão, esses outros dois jogadores de trás se somam aos da frente, chegando a ficar em superioridade numérica, muito perto de uma roubada de bola que normalmente é fatal, como foi a de hoje. 


Na Copa já usavam o mesmo estilo e vêm usando. Quando atacam e o time adversário recua, eles penetram nos espaços vazios do campo e jogam em tabelas curtas, simulando aquele bobinho recreativo de aquecimento. Essa jogada, bem feita como é, obriga as zagas quando se veem invadidas por três, quatro ou cinco jogadores simultaneamente, a correrem atrás, e com isso se descolocam facilitando a movimentação e penetração da equipe alemã, sempre precisa e 100% obediente ao que é treinado e combinado. O técnico Joachim Low vem trabalhando isso há anos. A Alemanha passou por muitas derrotas até chegar ao nível de hoje. E há jogadores alemães com categoria, o que não é novidade. Tem menos que os sul-americanos, mas tem. O gol que deu o título da Copa do Mundo, por exemplo, foi mais por técnica e arte do que devido ao esquema traçado. E sua proposta de renovação vem sendo feita gradualmente, sempre mantendo a ideia do esquema padrão. Reparem, por exemplo, no goleiro, na sua firmeza, boa colocação e tranquilidade. Você pensa até que Neuer está agarrando. 

A pergunta seria: como superá-la? Apenas, como disse acima, jogando um bom futebol? Em parte sim, você tem que jogar de igual pra igual. Não pode deixar que a Alemanha faça você correr atrás dela. Tem que puxar mais jogadores com qualidade pra saída de bola ser segura e envolvente a ponto do drible poder ser usado, se necessário, com segurança, sem perder a cobertura, caso haja um erro. Seu time tem que sair e não ficar dando os espaços, pois a força deles esta aí, no uso correto dos espaços, em velocidade, troca de passes conscientes e medidos, onde cerca de 80% a 90% dos gols alemães se dão dentro da área. Quando não são da pequena área.

Para esperar e marcá-los por zona, chegando a neutralizá-los durante um jogo inteiro como fez a Argentina em 2014, você tem que ter experiência e categoria. Jogadores como Mascherano e outros que não dão o bote, marcam o espaço, marcam por zona e não se precipitam. E quando fazem antecipação, de maneira alguma perdem a viagem. Se passar a bola, o jogador fica. Portanto, há meio sim, mas você precisa ter um time treinado, entrosado e técnico, driblando no campo alemão, onde você fará valer sua superioridade. Porque o drible ainda é a melhor forma de sair da marcação imposta e desmontar sistemas como este, de preferência, com uma Alemanha forte destas, no próprio campo dela. Faltou ao Chile um pouco disso hoje. Penetrar driblando e rompendo. Só trocando passes, meu amigo, é muito difícil, até se tratando de times inferiores.

De qualquer forma parabéns para Alemanha, mais uma vez, pelo trabalho que funciona como um relógio suíço, e parabéns também ao Chile, pela velha garra e boa qualidade de seus atacantes e por ter chegado onde chegou.

Até a próxima. 

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