Não costumo usar esta expressão tão comum: “o time de
fulano; o time de cicrano”. O time é do povo, é do clube. O treinador é
responsável pelo seu comando e seu desempenho num todo. Em se tratando desse
Grêmio, o treinador teve uma participação mais efetiva e clara.
Os reforços que solicitou, o trabalho que começou com a
parceria de outro grande treinador, Espinosa, que por caprichos do destino foi
seu treinador há 34 anos, quando o jovem ponta, raçudo, objetivo, driblador e
técnico, com uma equipe que tinha Paulo Cezar Caju, Mario Sergio, De Leon,
Tarciso e outros, que formavam uma time técnico, abusado e confiante em si
mesmo. Confiante o suficiente para vencer a Libertadores e se tornar Campeão
Mundial, derrotando o Hamburgo, bem ao estilo da raiz do futebol brasileiro.
Esse time atual pode não ser tão técnico quanto aquele.
Mas um elenco forte e bem escolhido, jogando com bola no chão, jogando bonito,
jogando com raça e muitas vezes até com excesso de troca de passes. Que quando eram
em demasia e improdutivos o complicava.
O time do Lanús fez um primeiro jogo melhor, em Porto
Alegre, assim como o Grêmio fez um segundo jogo, principalmente no primeiro
tempo, impecável. Dizer se o Lanús sentiu ou não o peso da camisa e a estreia
num tipo de decisão desse porte é muito difícil. Eu acho que ele foi até aonde
pode. E pode ir muito longe.
Ontem era noite do Grêmio, que, na realidade, merecia
sair com um placar mais elástico, se não fosse o destoante Barrios e o
excepcional Luan desperdiçarem um final de jogo mais tranquilo, deixando de aproveitar
oportunidades claras de aumentar o placar. Vale lembrar a liberdade que Renato
sempre deu para que os jogadores sob seu comando fizessem jogadas individuais,
que são a nossa marca, como fez Luan, no
segundo gol. Um gol de craque, que normalmente põe o adversário em seu devido
lugar. Muito importante também para o Grêmio um goleiro entrar na reta final na
grande forma que entrou Marcelo Grohe.
O time merece todas as honras pela conquista e o Brasil e
o futebol agradecem. Assim como agradecem e acho que tem obrigação em
reconhecer em Renato um grande treinador. Um grande boleiro, sim. Longe do
rótulo ignorante que lhe deram por anos, quando levou o Fluminense pela
primeira vez em sua história à famosa decisão com a LDU, perdida nos pênaltis.
Técnico competente, com visão de futebol, que sabe o que
faz quando treina um time. Sem essa de ser o “treinador do rachão” e de
fórmulas mágicas como exigia a torcida do tricolor carioca quando assumia o
time, justificando a escolha correta do patrocinador e do clube. Dirigir bem
uma equipe está longe de falar cinco idiomas, aprender em livros em uma
faculdade e achar que o lado científico é assunto exclusivo do treinador. Há
uma comissão técnica por trás com vários departamentos especializados, que vale
a pena lembrar aquela máxima, de “cada macaco no seu galho”.
Repetindo, como sempre: para ser um grande técnico de
futebol você tem de entender de futebol. Tem de gostar de futebol. E,
principalmente, ter jogado esse jogo, que só entende por completo quem o
conhece não só na teoria, mas também na prática.
A torcida fica para que hoje, o Marcelo Grohe que ainda
pouco fez a homenagem em nome do time do Grêmio, transmita seu bom momento para
o camisa 1 que Rueda escolher no Flamengo, contra o Junior Barranquilla. Que,
por mim, deveria ser o Muralha. Sim, o próprio. É arriscado demais nessa
posição colocar um garoto que está sem ritmo de jogo. O mais experiente
normalmente se supera nessas horas.
Vamos aguardar. Parabéns, Grêmio! Parabéns ao grande
treinador, Renato Gaúcho!