Ontem já tivemos emoção de sobra na classificação dramática
da Argentina. Foi outro time, apesar da Nigéria jogar um futebol de suas raízes.
Com muita raça, técnica e a qualidade de Musa. Prevaleceu a categoria de Messi no
primeiro gol e também de Rojo no gol que selou a classificação da Argentina
frente à Nigéria. Teremos briga de cachorro grande nas oitavas de final entre Argentina
e França. Embora a Argentina já pareça ser outra, não vejo claro favoritismo
nela, apesar do time francês ser forte, mas ainda um pouco inexperiente. Experiência
em Copa do Mundo pesa mais do que você imagina.
Hoje a zebra passeou em campo diante de uma Alemanha
desfigurada. A Coreia do Sul produziu um feito histórico ao derrotar a atual Campeã
do Mundo por 2 x 0. Enquanto isso o México, sentado em cima da confortável
colocação no grupo, levava uma sapatada da firme, forte e bem armada Suécia.
Mas, voltando à Alemanha, a Seleção de Löw parece que não guarda boas recordações
da Rússia desde a Segunda Guerra Mundial. Desde o seu primeiro jogo contra o
México e mesmo na vitória sobre a Suécia, em momento algum a Alemanha se
pareceu com a que estamos acostumados a ver. Hoje parecia uma seleção
anestesiada, exaurida, sem interesse em superar a marcação rígida e heroica da
Coreia do Sul. O desfecho não poderia ser outro. Cai um gigante que, ao menos
em seu grupo, era o favorito.
Agora há pouco tivemos a classificação do Brasil sem
maiores sustos, diante de uma Sérvia que não conseguia ficar com a bola por
mais de 10 segundos. Um time sem jogadas, atrapalhado e que em alguns momentos
pareceu conformado em ter de deixar a Copa do Mundo. Limitou-se a fazer uma
pressãozinha por cerca de 5 ou 6 minutos, quando o Brasil já vencia por 1 x 0,
graças a um belíssimo lançamento de Coutinho e a penetração por trás da zaga,
de Paulinho, bem ao estilo dos gols do Corinthians de Tite. E a pressão que me referi
antes não encontrava qualidade, nem mesmo capricho nas finalizações. As chances
raras surgiram por erros de posicionamento de nossa zaga, que começando pela
boa atuação de Alison, teve a presença firme e soberana de Thiago Silva, um dos
melhores em campo, premiado com um belo gol de cabeça, o segundo do Brasil. A
inesperada lesão de Marcelo, a entrada tranquila de Filipe Luís, a atuação mais
segura e presente de Fagner, um Casemiro na primeira etapa muito eficiente, o Philippe
Coutinho, que já estamos nos acostumando a ver sobrando em campo, William
fazendo grande partida, apesar de ainda sacrificado por jogar na posição errada
e apenas Gabriel Jesus e Neymar, menos inspirados. Do contrário o placar seria outro. Vimos
inclusive um Neymar mais discreto, menos espalhafatoso. Alguma boa conversa
deve ter feito bem a ele. Gabriel Jesus tem que ter mais liberdade para cair
dos lados do campo e não ficar preso como um falso centroavante, coisa que ele
não sabe fazer. Se estes dois estivessem em um dia melhor, o placar seria mais elástico.
Fecho chamando a atenção para dois detalhes importantes. O Brasil
não enfrentará o México que vimos hoje. Não adianta virem com retrospecto porque
há muito tempo o futebol mexicano é duro de ser derrotado. Não creio numa
partida fácil para o Brasil. Outro aspecto é a lesão de Marcelo. Chamei atenção
aqui há algum tempo sobre nossos dois laterais titulares: Daniel Alves e
Marcelo, e defendi inclusive que Marcelo fosse deslocado para o meio para que
tivéssemos melhor qualidade na saída de bola. Ocorre que jogar na Europa faz
bem ao bolso, mas as férias do calendário europeu coincidem com a Copa. Os
técnicos sabem disso, mas valorizam muito mais quem joga no exterior do que os
que atuam no Brasil, o que é um erro. E os preparadores físicos apesar de
saberem deste calendário duro, volta e meia ultrapassam os limites físicos de
cada um. O resultado são as lesões seguidas que temos visto.
Amanhã vamos ver como se resolve o grupo da Colômbia e seu excelente
futebol. Tem uma pedreira chamada Senegal, mas tem boas chances, assim como o
Japão, de obterem a classificação. Já Bélgica e Inglaterra no jogo principal
fazem um tipo de amistoso para inglês ver, dando-se ao luxo de escolherem seus
possíveis adversários. O outro jogo entre Tunísia e Panamá deve ser visto com o
espírito esportivo que merece. Fico pensando como os EUA perderam a vaga para o
Panamá. Suspeito até que não tenham feito lá tanta questão assim de visitar a Rússia.
Até a próxima!