domingo, 3 de junho de 2018

SELEÇÃO BRASILEIRA: OTIMISMO OU PESSIMISMO?


A julgar pelo lado da torcida, em território nacional, por enquanto nem um, nem outro. Há sim um ar de certo desprezo e desilusão, com alguma dose de ironia, que certamente tem ligação com a Copa passada e a forma melancólica como o Brasil foi derrotado, com a lembrança do trágico 7 a 1.

É natural. Um futebol pentacampeão do mundo que assistiu a vários e vários gênios do futebol desfilarem em diversas seleções, mesmo estando diante de uma geração bem diferente das do passado, tanto em campo, quanto na torcida, sempre há influência.

Evidente que a mídia e outros setores de comunicação serão avassaladores na massificação da quebra da vergonha da camisa verde e amarela. Da timidez em usá-la e se entregar à paixão. Com certeza, em maior parte, isso vai acontecer. O raciocínio da mídia de que mais perto ou já começando a Copa o povo vai se ligar e torcer e acompanhar é correto. Ainda mais em se tratando de Brasil.

Lembro bem que há exatamente 48 anos, justo num 3 de junho, só que em 1970, eu saía da minha escola sabendo da partida que veríamos ao vivo, por volta das 19:30 do Brasil, na estreia da seleção brasileira contra a Tchecoslováquia, naquela memorável façanha. E, vejam bem, com 12 anos incompletos, eu já estranhava o rumor das ruas: apáticas, silenciosas, sem bandeiras. O Brasil estava pessimista, devido a troca de treinador e outros problemas políticos.

Parecia que ao anoitecer não aconteceria nada, a não ser as novelas de sempre. Mas, foi só o Brasil estrear bem, com um 4 a 1, que o país se transformou. Apaixonado por uma seleção de gigantes e no embalo no tal milagre econômico do “Pra Frente Brasil” da Ditadura Militar.

Deixo claro que a minha percepção na época, como pré-adolescente ainda, e hoje, como profissional do esporte, em nada aquela seleção jogou ou jogava para legitimar o regime que se empunha à força no país. Não vi relação entre uma coisa e outra. Aquela seleção, considerada pela FIFA a melhor de todos os tempos, é um capítulo à parte. Era abençoada por estrelas e com maturidade suficiente para não se envolver em assuntos extracampo.

Mas, falando na Rússia, em 2018: outros tempos, outro futebol, outra mentalidade, outro Brasil. Sobre o selecionado, eu ainda me incluo numa expectativa onde prevalece a dúvida. Penso e sei que a seleção é uma das favoritas. Já falei aqui sobre o jogo de Tite, sobre o que não concordo na escalação, na convocação, no sistema e esquema táticos.

Ele já tem seu time de estreia na cabeça e, apesar de ter revelado hoje, antes do jogo, que se a Copa começasse agora Neymar não jogaria, o craque brasileiro jogou com desenvoltura e fez um belo gol. No entanto, como dizia o saudoso Didi: “Treino é treino. Jogo é jogo”. E foi um jogo treino.

Torço para que Neymar faça sua estreia, mas lembro que não será contra a Croácia. Muito embora, historicamente, ele seja melhor que a Suíça que vamos enfrentar. Haverão mais bolas divididas, choques, jogadas mais ríspidas do que hoje. E você não vai poder tirar o pé.

Clinicamente e fisicamente já tenho certeza que Neymar se recuperou, como vem afirmando a comissão técnica do Brasil. Mas, prefiro aguardar para conferir sua reação psicológica e desempenho técnico na volta aos gramados em jogos oficiais e de Copa do Mundo.

Quanto ao restante do time, segue jogando no mesmo padrão e filosofia que Tite adotou desde que assumiu a seleção. Faz um jogo de marcação incessante, toque de bola e velocidade nos contra-ataques. Mas, ainda prevalece muita burocracia e a marcha previsível. Falta o drible que abre espaços, define jogadas e coroa o trabalho da equipe em geral. Além de surpreender os adversários.

Faltam menos de 2 semanas para termos uma ideia mais precisa e real do que venho dizendo e do que mais se comenta nos assuntos do mundo do futebol.

Até a próxima semana!

P.S. O ator Danny Glover, astro do cinema americano, se junta aos protestos de milhões no Brasil para denunciar ao mundo a prisão política e criminosa do ex-presidente Lula. Já são 54 dias de uma prisão vergonhosa que fere as leis do país e envergonha o Brasil perante o mundo.

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