A julgar pelo lado da torcida, em território nacional,
por enquanto nem um, nem outro. Há sim um ar de certo desprezo e desilusão, com
alguma dose de ironia, que certamente tem ligação com a Copa passada e a forma
melancólica como o Brasil foi derrotado, com a lembrança do trágico 7 a 1.
É natural. Um futebol pentacampeão do mundo que assistiu
a vários e vários gênios do futebol desfilarem em diversas seleções, mesmo
estando diante de uma geração bem diferente das do passado, tanto em campo,
quanto na torcida, sempre há influência.
Evidente que a mídia e outros setores de comunicação
serão avassaladores na massificação da quebra da vergonha da camisa verde e
amarela. Da timidez em usá-la e se entregar à paixão. Com certeza, em maior
parte, isso vai acontecer. O raciocínio da mídia de que mais perto ou já
começando a Copa o povo vai se ligar e torcer e acompanhar é correto. Ainda
mais em se tratando de Brasil.
Lembro bem que há exatamente 48 anos, justo num 3 de
junho, só que em 1970, eu saía da minha escola sabendo da partida que veríamos
ao vivo, por volta das 19:30 do Brasil, na estreia da seleção brasileira contra
a Tchecoslováquia, naquela memorável façanha. E, vejam bem, com 12 anos
incompletos, eu já estranhava o rumor das ruas: apáticas, silenciosas, sem
bandeiras. O Brasil estava pessimista, devido a troca de treinador e outros
problemas políticos.
Parecia que ao anoitecer não aconteceria nada, a não ser
as novelas de sempre. Mas, foi só o Brasil estrear bem, com um 4 a 1, que o
país se transformou. Apaixonado por uma seleção de gigantes e no embalo no tal
milagre econômico do “Pra Frente Brasil” da Ditadura Militar.
Deixo claro que a minha percepção na época, como
pré-adolescente ainda, e hoje, como profissional do esporte, em nada aquela
seleção jogou ou jogava para legitimar o regime que se empunha à força no país.
Não vi relação entre uma coisa e outra. Aquela seleção, considerada pela FIFA a
melhor de todos os tempos, é um capítulo à parte. Era abençoada por estrelas e
com maturidade suficiente para não se envolver em assuntos extracampo.
Mas, falando na Rússia, em 2018: outros tempos, outro
futebol, outra mentalidade, outro Brasil. Sobre o selecionado, eu ainda me
incluo numa expectativa onde prevalece a dúvida. Penso e sei que a seleção é uma
das favoritas. Já falei aqui sobre o jogo de Tite, sobre o que não concordo na
escalação, na convocação, no sistema e esquema táticos.
Ele já tem seu time de estreia na cabeça e, apesar de ter
revelado hoje, antes do jogo, que se a Copa começasse agora Neymar não jogaria,
o craque brasileiro jogou com desenvoltura e fez um belo gol. No entanto, como
dizia o saudoso Didi: “Treino é treino. Jogo é jogo”. E foi um jogo treino.
Torço para que Neymar faça sua estreia, mas lembro que
não será contra a Croácia. Muito embora, historicamente, ele seja melhor que a
Suíça que vamos enfrentar. Haverão mais bolas divididas, choques, jogadas mais
ríspidas do que hoje. E você não vai poder tirar o pé.
Clinicamente e fisicamente já tenho certeza que Neymar se
recuperou, como vem afirmando a comissão técnica do Brasil. Mas, prefiro
aguardar para conferir sua reação psicológica e desempenho técnico na volta aos
gramados em jogos oficiais e de Copa do Mundo.
Quanto ao restante do time, segue jogando no mesmo padrão
e filosofia que Tite adotou desde que assumiu a seleção. Faz um jogo de
marcação incessante, toque de bola e velocidade nos contra-ataques. Mas, ainda
prevalece muita burocracia e a marcha previsível. Falta o drible que abre
espaços, define jogadas e coroa o trabalho da equipe em geral. Além de surpreender
os adversários.
Faltam menos de 2 semanas para termos uma ideia mais
precisa e real do que venho dizendo e do que mais se comenta nos assuntos do
mundo do futebol.
Até a próxima semana!
P.S. O ator Danny
Glover, astro do cinema americano, se junta aos protestos de milhões no Brasil
para denunciar ao mundo a prisão política e criminosa do ex-presidente Lula. Já
são 54 dias de uma prisão vergonhosa que fere as leis do país e envergonha o
Brasil perante o mundo.
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