domingo, 26 de junho de 2016

A FINAL DA COPA AMÉRICA E A "COPA DO MUNDO" EUROPEIA













Vou começar pela tal “Copa do Mundo Europeia”, na verdade a Eurocopa. Trato-a assim devido a importância fora do normal que os europeus dão a essa Copa. Diante de uma competição como a Copa do Mundo, mais difícil, famosa e mundial, é interessante que os europeus deem destaque nitidamente mais forte a essa competição.

Nos últimos dias, para muitos foi surpreendente a derrota da Espanha para a Croácia. A Croácia joga um futebol, apesar de já desclassificada, malicioso. Podem não estar no seu melhor, mas sabem jogar. Quem não lembra dos tempos de Suker, Prosinecki e outros? E eu disse aqui que a Espanha estava se rearmando e ainda padece de dificuldades para definir um certo excesso de troca de passes.

Tivemos mais uma vez a França dando mostras de evidente progresso, com Payet, Pogba e Griezmann, jogando um excelente futebol, trazendo otimismo ao torcedor francês na Eurocopa e mais adiante. Tivemos também uma boa dose de emoção, do próprio jogo que citei da Croácia, onde Portugal obteve a classificação de forma dramática, embora creia que Portugal é franco atirador na Eurocopa.

E hoje, a Alemanha passando com facilidade pela fraca e inocente Eslováquia, mesmo sem ter feito uma boa partida. E o mais preocupante, evidenciando deficiências técnicas em suas novas apostas. Completando o dia, a Bélgica eliminou sem dificuldade a Hungria, que esperamos um dia voltar a ser a Hungria de 54.

Sobre a Copa América, vejo com justiça a chegada do Chile e da Argentina à final. O Chile, na semifinal, não deu chances à Colômbia. Jogando um futebol mais competitivo e objetivo, numa partida, vale registrar, longamente interrompida devido ao temporal que se abateu sob Chicago. Com a calmaria do tempo foi possível jogar a 2ª etapa contando também com a belíssima organização do torneio que, com simplicidade e competência, trabalhou com inteligência para que o campo de jogo reunisse as mínimas condições possíveis.

Embora fosse mais apropriado falar de Estados Unidos e Colômbia, na disputa do 3º lugar, por ter sido um jogo monótono faço a opção por Argentina e Estados Unidos, o jogo anterior. Deixo só minha homenagem ao goleiro Tim Howard. Apesar de não ter sido exigido como na Copa de 2014, Howard mais uma vez mostrou grande senso de goleiro. Ele sabe como ninguém unir a experiência, a antevisão, a concentração e a garra na receita de um grande goleiro.

Com relação à Argentina e Estados Unidos, dois acontecimentos me chamaram a atenção nesta partida em que a vitória da Argentina, assim como aconteceu, era mais esperada. A não correspondência de algumas novidades de Klinsmann, e isso é preocupante, pois os Estados Unidos não tem a mesma facilidade de reposição e de achar novas promessas, digamos assim. Klinsmann terá de correr o país de ponta a ponta e contar com uma boa ajuda da sorte para descobrir as peças adequadas.

O outro aspecto é o gol de Messi. O grau de dificuldade que escolhe na cobrança de falta foi fantástico. É um tipo de cobrança onde posição e distância pedem um outro tipo de opção de chute. O farto repertório e a grande qualidade técnica do craque argentino propiciaram uma cobrança de falta com um desfecho raramente visto na trajetória da bola.

Antes da final, vencida pelo Chile nos pênaltis, vale frisar o ótimo nível de arbitragem do torneio. Salvo o brasileiro Heber Roberto Lopes, que apesar da experiência, prejudicou tanto Chile, como Argentina, vítima do péssimo hábito dos árbitros brasileiros que interpretam as regras preocupando-se em aparecer mais no jogo do que elas, não observando detalhes claros e muitas vezes partindo de pré-julgamentos, como fez claramente no jogo de hoje. O ego dos juízes brasileiros, e até de alguns sul americanos, ainda os domina de forma primitiva.

Mas, o Chile é o Campeão da Copa América do Centenário. Mais uma vez a Argentina de Messi é derrubada no momento final. Em três ocasiões seguidas e nas três atuando melhor que o adversário durante o jogo e na prorrogação. Assim foi contra a Alemanha, contra o Chile ano passado e agora há pouco. Apesar, desta vez, a superioridade ter sido um pouco menor que a das vezes anteriores.

Talvez a Argentina esteja diante de uma barreira emocional criada desde o início da era Messi, que começou em Copas anteriores, mesmo não tendo sido finalista. Isso quer dizer que Messi não é aquele jogador que pensamos ser? Não. Eu compartilho da opinião de Maradona: Messi tem algum problema de personalidade.

Mesmo sendo uma disputa de pênaltis, Messi, até aquele momento, além de jogar bem, parecia sobrar fisicamente. Mas reparem que o modo de bater o pênalti foi diferente da falta que me referi acima, contra os Estados Unidos. Parecia querer se livrar daquela bola. Parecia que aquele momento não trazia alegria, pesava toneladas em suas costas. E, colaborando com seu erro, o treinador argentino Tata Martino errou ao substituir seis por meia dúzia, trocando Higuain por Aguero, tirando Di Maria e Banega e escalando na cobrança dos pênaltis o fraco e não menos tenso Biglia. Era sua obrigação pensar mais adiante, como foi o caso com o desfecho nos pênaltis, coisa que não fez.

De todo modo, isso não tira o brilhantismo da atuação chilena, não tira de seu goleiro Bravo, que faz jus ao seu nome, e não fere a imagem que o Chile tem passado nos últimos anos dentro de campo: uma equipe brava, super ofensiva e marcando como nunca. Com certeza é a equipe chilena mais competitiva e letal que já vi jogar. Amadurecida, objetiva e determinada. Com jogadores de boa a ótima qualidade técnica, apesar de não ter nenhuma grande estrela.

Parabéns ao Chile, a Argentina, que está no mesmo nível ou até acima, e a todos nós, que em minha opinião, acabamos de ver em campo as duas maiores seleções do mundo na atualidade.

Uma boa semana a todos!

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