quarta-feira, 15 de junho de 2016

A ERA TITE COMEÇOU, BRASIL
















Finalmente, depois de várias citações que fiz em crônicas anteriores, aí está: Tite na seleção brasileira. Antes de desenvolver meu raciocínio, acredito que há de haver uma melhora, sim. Mas não me impressiono com ela e temo que mais tarde os defeitos que não foram revistos venham bater a nossa porta num momento mais agudo do nosso futebol.

Tite me faz lembrar um mini debate que tive com um treinador que trabalhou como auxiliar do técnico Abel, no Fluminense, no ano de 2005. Na ocasião discutimos sobre Tite X Joel Santana. Eu fiquei com Joel. Sustentei que o polêmico boleiro carioca, 3 anos mais tarde convocado para dirigir a seleção da África do Sul, na qual fez um trabalho muito superior ao de Parreira, que depois o substituiu, era sim melhor que Tite, que já despontava como surpresa.

O auxiliar, na ocasião, fez um beicinho e com um ar de superioridade se mostrou surpreso com minha escolha, como se tivesse dito algo absurdo. Lembro que além de não glorificar Joel, disse apenas que o achava melhor que Tite. E hoje, 11 anos depois, ainda acho.  Em que pese Tite estar por cima e Joel, nem sei onde se encontra.

Tive oportunidade de acompanhar o trabalho de Tite no Corinthians e no Grêmio. Treinador de retórica forte, comando bem exercido e a habitual marcação e movimentação que Marcelo Oliveira, Levir Culpi e outros que estão aqui no Brasil exercem em seus clubes. Nada de sobrenatural.

Não existe no Brasil nenhum técnico dos chamados de ponta. Ao nível dele existem os iguais ou superiores como Muricy (afastado por motivos de saúde), Marcelo, Cuca, que considero melhor que ele, Levir Culpi, entre outros.

Aviso a quem vê Tite como salvador da pátria: desça do cavalo. Você está enganado, amigo. Mesmo que fosse fantástico como treinador, Tite não seria solução para o futebol brasileiro. Aliás, apesar do assunto ser Tite, a seleção nos obriga a estender-me sobre outros detalhes. Permanece o Presidente, Marco Polo Del Nero? Permanecem os profissionais das categorias de base? Permanecem os atuais diretores da CBF? E a intenção, como li, que Tite pretende levar Edu como coordenador? 

Desse modo, estamos mudando o sofá de lugar. Sem mexer na estrutura do futebol brasileiro, na mentalidade do futebol que se joga aqui, na influência criminosa e nociva que os empresários exercem sobre os clubes e a participação que estes exercem no cenário nacional, é trocar seis por meia dúzia. Perda de tempo. Creio que poderiam ser os treinadores que mais gostei de ver trabalhar, como Didi, Zizinho, Zagallo, Danilo Alvim, Tim, Telê, entre outros. 

O caminho não está na área técnica. O caminho, já cansei de apontar aqui, está na volta dos nossos padrões técnicos e nossas virtudes e raízes que perfeitamente podem se adequar ao que chamam de “futebol moderno”, que na verdade não existe. Existe sim futebol bem jogado, bem distribuído e equilibrado, com bons jogadores, bons dirigentes e bom comandante. Este sim é o caminho.

Na primeira viagem ao exterior, você, torcedor, já iria perceber a mudança. Um novo Presidente de uma nova CBF seria aceito e reconhecido no país que o Brasil fosse se apresentar. E voltaria para casa. Sem ser preso.

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