Baseado nas primeiras declarações do novo técnico da
seleção brasileira, Tite, e de seu coordenador Edu, estou curioso para ver sua
primeira convocação. Através dela, será possível nortear suas verdadeiras
ideias e sua mentalidade, além da real visão sobre o futebol brasileiro.
Analisando as primeiras afirmações, a impressão é boa,
embora às vezes para mim um pouco confusa, como quando se refere, por exemplo,
aos setores de sua equipe ideal quando diz que a defesa não deve inventar muito
e o último terço do campo é que é o lugar de liberdade, criatividade.
Bom, em primeiro o nosso sistema defensivo não possui
jogadores com a mínima qualidade técnica para inventar e sequer jogar bonito.
Temos hoje em dia zaga e laterais fracos e um goleiro ainda imaturo e não
definitivo. De outra forma, você não pode abrir mão de criatividade. Porque
inventar ou brincar, se é o caso, nem mais adiante, nem cá atrás. A
criatividade, o uso dela, tem que ser feita por quem sabe e por quem sabe a
hora de fazê-lo. E é justo por não fazê-lo ou por não saber a hora de fazê-lo,
quando não proibido é, que o futebol brasileiro vem agonizando lentamente.
Vamos ver os jogadores que serão convocados por Tite.
Eles nos darão uma ideia do que pretende. De que tipo de jogo idealiza. Eu,
particularmente, fico cético porque não depende só de seu acerto na escolha.
Primeiro ele tem que se livrar da ordem expressa que reina há anos no futebol
de convocação sempre dos estrangeiros em primeiro lugar. E depois trabalhar com
uma Confederação à margem da lei. Refiro-me a CBF, naturalmente.
No Corinthians, nas duas últimas temporadas, Tite
conseguiu carregar um bom elenco e fazer um bom trabalho. Por aí ele já teve
uma ideia de que jogadores que atuavam no Brasil poderiam sim ser sua base na
seleção. E de sua parte, a comissão técnica, excluindo o grande desafio de se
dissociar de uma entidade como a CBF que não lhe dá estrutura e
representatividade (as categorias de base da seleção ainda são escolha e
prerrogativa exclusiva desse órgão e os empresários que o comandam) para tentar
algum sucesso em seu trabalho na seleção.
Nunca é bom esquecer aquele ditado que diz que o exemplo
vem de cima. Isso explica meu pessimismo, pois quem está acima de Tite não
merece a esperança do povo, nem dos amantes do futebol brasileiro no mundo
inteiro.
Nota: uma passagem sobre o Brasil dos Jogos Olímpicos. Não
tenho a menor previsão de sua performance. Ele já entrará em campo contrariando
uma regra básica que consiste em treinar, jogar, se conhecer e serem comandados
pelos melhores possíveis. Não creio que seja o caso da seleção olímpica. Já
disputamos a tão sonhada medalha de ouro muito mais bem treinados e por muito
pouco, como em 96, não a conquistamos. Pela primeira vez jogando em casa, pode
ser que este fator supere a falta de coletividade, conhecimento e rendimento do
grupo escolhido.
Vamos a uma final também da Libertadores da América, que
equivale a Liga dos Campeões da Europa, com dois times pouco presentes em
decisões deste porte: Independente Del Valle, do Equador, e Atlético Nacional,
da Colômbia. Apesar do forte e surpreendente futebol equatoriano de uns anos
para cá, a equipe do Del Valle, a meu ver, leva desvantagem pela falta de
experiência. O Atlético Nacional é mais equipe e joga o segundo jogo em casa e
basta uma vitória simples ou um empate sem gols para levar o título.
Não adianta adivinhar. Vamos aguardar o desfecho.
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