domingo, 24 de julho de 2016

A SELEÇÃO DE TITE


Baseado nas primeiras declarações do novo técnico da seleção brasileira, Tite, e de seu coordenador Edu, estou curioso para ver sua primeira convocação. Através dela, será possível nortear suas verdadeiras ideias e sua mentalidade, além da real visão sobre o futebol brasileiro.

Analisando as primeiras afirmações, a impressão é boa, embora às vezes para mim um pouco confusa, como quando se refere, por exemplo, aos setores de sua equipe ideal quando diz que a defesa não deve inventar muito e o último terço do campo é que é o lugar de liberdade, criatividade.

Bom, em primeiro o nosso sistema defensivo não possui jogadores com a mínima qualidade técnica para inventar e sequer jogar bonito. Temos hoje em dia zaga e laterais fracos e um goleiro ainda imaturo e não definitivo. De outra forma, você não pode abrir mão de criatividade. Porque inventar ou brincar, se é o caso, nem mais adiante, nem cá atrás. A criatividade, o uso dela, tem que ser feita por quem sabe e por quem sabe a hora de fazê-lo. E é justo por não fazê-lo ou por não saber a hora de fazê-lo, quando não proibido é, que o futebol brasileiro vem agonizando lentamente.

Vamos ver os jogadores que serão convocados por Tite. Eles nos darão uma ideia do que pretende. De que tipo de jogo idealiza. Eu, particularmente, fico cético porque não depende só de seu acerto na escolha. Primeiro ele tem que se livrar da ordem expressa que reina há anos no futebol de convocação sempre dos estrangeiros em primeiro lugar. E depois trabalhar com uma Confederação à margem da lei. Refiro-me a CBF, naturalmente.

No Corinthians, nas duas últimas temporadas, Tite conseguiu carregar um bom elenco e fazer um bom trabalho. Por aí ele já teve uma ideia de que jogadores que atuavam no Brasil poderiam sim ser sua base na seleção. E de sua parte, a comissão técnica, excluindo o grande desafio de se dissociar de uma entidade como a CBF que não lhe dá estrutura e representatividade (as categorias de base da seleção ainda são escolha e prerrogativa exclusiva desse órgão e os empresários que o comandam) para tentar algum sucesso em seu trabalho na seleção.

Nunca é bom esquecer aquele ditado que diz que o exemplo vem de cima. Isso explica meu pessimismo, pois quem está acima de Tite não merece a esperança do povo, nem dos amantes do futebol brasileiro no mundo inteiro.

Nota: uma passagem sobre o Brasil dos Jogos Olímpicos. Não tenho a menor previsão de sua performance. Ele já entrará em campo contrariando uma regra básica que consiste em treinar, jogar, se conhecer e serem comandados pelos melhores possíveis. Não creio que seja o caso da seleção olímpica. Já disputamos a tão sonhada medalha de ouro muito mais bem treinados e por muito pouco, como em 96, não a conquistamos. Pela primeira vez jogando em casa, pode ser que este fator supere a falta de coletividade, conhecimento e rendimento do grupo escolhido.

Vamos a uma final também da Libertadores da América, que equivale a Liga dos Campeões da Europa, com dois times pouco presentes em decisões deste porte: Independente Del Valle, do Equador, e Atlético Nacional, da Colômbia. Apesar do forte e surpreendente futebol equatoriano de uns anos para cá, a equipe do Del Valle, a meu ver, leva desvantagem pela falta de experiência. O Atlético Nacional é mais equipe e joga o segundo jogo em casa e basta uma vitória simples ou um empate sem gols para levar o título.

Não adianta adivinhar. Vamos aguardar o desfecho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário