Ainda. O “New Maracanã” está de volta.
Mutilado, inadequado às necessidades do torcedor brasileiro e principalmente
carioca, contrariando tradições positivas, folclóricas e de raros momentos de
felicidade dos que o frequentaram no passado, mas está aí, de volta.
O espetáculo em cartaz, pelo nome, tinha tudo pra ser dos
melhores. Flamengo X Corinthians. Um lutando pelo título e outro renovado, de
técnico novo, almejando a Libertadores. Um público que só não foi maior por
causa das novas características do estádio que infringiram a lei. Se um
patrimônio é tombado, não pode ser modificado. Mas, o Maracanã fica no Brasil,
não podemos esquecer. País onde a justiça finge que existe, em sua maior parte.
Tudo começou mal antes da partida, com confusão fora do
estádio e dentro, entre duas torcidas, que anos atrás se relacionavam em
parceria, se atracando como animais irracionais. Ajudando aqueles que não
querem ver mais um Maracanã cheio e a festa que se via. Afastando famílias e
gente que quer se divertir e curtir futebol e não briga de gangues. O problema
é antigo e embora complicado, eu sei, mais ainda envolvendo duas torcidas de
massa, nunca teve atenção e competência necessárias das autoridades em todos
esses anos para terem um planejamento e uma solução que dê segurança, proteção
e respeite os direitos do torcedor.
O jogo em si foi carregado de emoções, sim. Mais pelos
erros que as proporcionavam do que pelo talento e criatividade das equipes.
Logo que rolou a bola se viu um Corinthians mais disposto e solto do que temos
visto e um Flamengo com um sistema defensivo mal posicionado e com a primeira
linha de marcação absolutamente tonta e dando botes no tempo errado. O
Corinthians não demorou a se aproveitar disso num chute colocado de fora da
área, que embora muito difícil de ser defendido, foi ajudado pelo erro de
Muralha, não tão bem colocado no lance.
Pouco depois veio o gol de empate do Flamengo. Na jogada
que desenhei aqui semana passada e expliquei o máximo possível. Só que o
bandeirinha não viu ou não quis ver o claro impedimento de vários atacantes do
Flamengo. Incluindo o do autor do gol, Guerrero. Com 1 X 1 e a torcida se
animando, esperava-se uma virada.
Mas, o panorama do início do jogo não mudou. Marcio
Araujo, William Arão e Rafael Vaz continuavam correndo atrás do toque rápido e
envolvente de três, às vezes quatro jogadores do Corinthians, em velocidade no
contra-ataque. O espaço era tanto, a desorganização defensiva e a afobação do
Flamengo também, que o desempate não tardou, em uma jogada nesse estilo, bem
trabalhada e veloz de Rodriguinho, com o passe de Romero e a conclusão
tranquila do próprio Rodriguinho, colocando o Corinthians em vantagem
novamente.
O Flamengo voltou ao segundo tempo com a boa substituição
de Mancuello, perdido no jogo, por Fernandinho e começou com mais posse de bola
e presença, embora esbarrasse em um cerco eficiente do sistema defensivo do
Corinthians. Enquanto isso, Zé Ricardo custava a pensar na possibilidade de
lançar Chiquinho no lado esquerdo, porque o garoto Jorge já não ia bem,
sentindo cansaço e uma pancada. Mas, parecia que o Flamengo começava a dominar
seus nervos.
A necessidade de, diante de sua torcida inflamada e
fanática, corresponde-la já foi e é também responsável por muitas derrotas do
Flamengo. O time se atira sem controle e sem planejamento ao ataque. Mas, Osvaldo
de Oliveira contribuiu com a melhoria de posicionamento e lucidez do Flamengo
no segundo tempo ao recuar um time que a toda hora levava pânico à perdida
defesa rubro-negra. É incompreensível. Se Osvaldo montou o Corinthians daquele
modo, qual a razão de puxá-lo demasiadamente pra trás no segundo tempo?
Parafraseando o poeta Vinicius de Moraes: “Se foi pra desfazer, por que é que
fez?”.
Não tardou, em um escanteio, a defesa do Corinthians
ficar olhando e Rever se antecipar, para a finalização também de cabeça de
Guerrero. Daí em diante o Flamengo acendeu e o Corinthians não chegava mais. Preso
num sistema defensivo sem lógica, só dava Flamengo e por pouco o gol não saiu.
Mesmo depois da bobagem da expulsão infantil de Guilherme, o Corinthians também
teve duas ou três chances com seus atacantes sozinhos, que por absoluta
mediocridade, não deram a vitória ao Corinthians.
Talvez o resultado tenha sido justo por duas razões: a um
time pareceu faltar ousadia de vencer e ao outro tentar vencer de qualquer
modo.
É isso aí!
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