Vou me deter nos dois jogos de hoje e no excesso de
pirotecnia que está envolvendo essa Copa do Mundo. Abrindo com o jogo do
Brasil, o time teve dificuldades na primeira etapa com um México que corria
muito, chegava, mas não definia. Digamos que até os 20 minutos o México teve
mais presença e criou na base da correria algumas jogadas de perigo. Ansiosos e
estabanados, os mexicanos concluíam mal.
A seleção parecia não se assustar. E a partir da metade
do primeiro tempo começou a mostrar alguma melhora. O jogo do Brasil apareceu
mais, após encerrar o primeiro tempo em 0 a 0, quando na segunda etapa Willian,
o melhor em campo, passou a flutuar na criação, sem posição fixa. E Neymar,
jogando com inteligência, também não se prendia aquele cantinho do lado
esquerdo. Bastou isso para o gol não demorar a sair.
Pelo lado do México, seguia um time à imagem de seu
treinador, que parece da escola de Sampaoli. Aguerrido e com sede de vitória
até demais. Este excesso de vontade não deixava jogadores limitados do México ao
menos pensarem. O placar magrinho nos dava uma vantagem, enquanto o México caía
mais. Ou esbarrava em Thiago Silva, firme e seguro, não encontrando brechas
para penetração.
Outra vez Neymar selou a vitória ao deixar apenas o toque
final para Firmino. De positivo, o amadurecimento nas horas difíceis e o
equilíbrio emocional e uma defesa bem postada, jogando com tranquilidade e
seriedade.
Sobre a polêmica de Neymar, acho que não vale à pena me
estender. Apesar do mexicano ter pisado nele de forma intencional, houve o
habitual circo naquele momento, com a colaboração de um juiz fraco, que
permitiu que um lance fora do gramado paralisasse uma partida por tanto tempo.
Nesse ponto, o técnico mexicano tem razão de reclamar. Em relação a Neymar, aí
já não é problema dele.
Vamos pegar uma Bélgica que é uma interrogação. Não vejo
favorito no jogo. A oscilação nas atuações tem sido muito grande. No nosso caso,
a vantagem é que o time vem num crescente. Devagar, mas vem.
Sobre a manchete, chamo sua atenção para derrubar
conceitos e para detalhes que você não está vendo como torcedor. Uma Copa do Mundo
hoje é um evento para o país que a promove, para a FIFA e, para os países
participantes, um acontecimento mais comercial do que se pode imaginar.
Exageram em praticamente tudo e entopem você de imagens
consecutivas que, sem se dar conta, você vê o que não está acontecendo. A falsa
emoção que gera o ibope necessário aos anunciantes e até algumas resenhas
deturpam a realidade do que vemos. Deturpam coisas como: “O Brasil ou o Japão
ou a Bélgica fazem uma linha de 3, uma linha de 4...”. Ou com recursos
computadorizados mostram a você, muito bonitinho, com um círculo colorido,
jogador A correndo para um lado, o B atrás de um adversário, o C vindo por trás
de todos, como se isso fosse combinado.
Ora, em uma ou outra jogada existe o espelho do
treinamento e do coletivo. Mas nem as seleções mais disciplinadas taticamente se
limitam a se postar em campo, atacar ou defender, de forma tão planejada e
obediente. A tal linha de 3, meus amigos, é superada quando o adversário
encontra um espaço devido a uma jogada que ninguém pode prever e, na maioria
das vezes, redundante de um erro do adversário.
O deslocamento ofensivo ou defensivo não obedece 10% do
que é desenhado e traçado no quadro negro antes dos jogos. Ele se ajeita. O
jogo se molda. À velocidade, ao talento, à força e à inteligência ao usar os
espaços que aparecem ou não. Mas quem decide é o jogador. Essas equações
táticas são pura conversa fiada.
O futebol é simples e ainda surpreendente. Como hoje
quando um evoluído Japão, todo certinho diante de uma apatia generalizada do
time da Bélgica, aproveitava duas chances e chegava ao 2 a 0. E após 2
substituições que deveriam ter sido feitas antes, a Bélgica passa a encontrar
uma melhor atuação e vira o marcador com toda justiça, sim. Simples assim. Se o
plano tático mudou, foi consequência dos rumos do jogo.
Não adianta, há duas formas de você chegar ao gol e
vencer. Você parte num contra-ataque, aproveita bem os espaços e define a
jogada ou você cria espaços com sua movimentação, drible e precisão no
arremate. Fora isso, os gols só saem em cruzamentos vadios onde sua zaga para,
sem explicação, ou seu goleiro falha num chute despretensioso. Ou seja, quase
por acaso.
Vamos em frente!
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