Não surgem. Desta maneira que o leitor está vendo na foto
com certeza não surgirão. E os fatos têm comprovado isso. Que craque, na
expressão da palavra, saiu de um clube como o Fluminense, por exemplo, nos
últimos 15 anos em meio a mais de, numa suposição minha, 20 mil avaliados?
Sim, é verdade que não é fácil e nunca foi descobrir e
revelar um extraclasse. Nem hoje, nem ontem. Mas o modo como o trabalho está
sendo conduzido e o modelo adotado são furados. Absolutamente furados. Creem
nele aqueles que querem se destacar mais do que o aparecimento do jogador, se
for o caso. Obviamente negam, mas querem sim. Além de destacar entre os
próprios iguais.
A foto da matéria ilustra muito bem meu comentário e
minhas versões. A sala em que vocês veem vários garotos reunidos me parece ficar
ao lado da piscina do Fluminense. É uma sala reformada e era utilizada para outras
finalidades há algum tempo. Posso até estar enganado que seja esta sala. Pode
ser alguma em Xerém, nas divisões de base do clube e não nas Laranjeiras. Mas
não interfere no que vou dizer.
O que estariam aprendendo esses garotos numa sala de
aula? O que quer que seja estão em ambiente errado. Futebol ou suas regras e
conselhos sociais, se forem o caso, se aprendem num campo de trabalho. Ali é
lugar pra estudar. Ou, no caso do esporte, assistir um vídeo pra ser usado como
exemplo. No máximo.
Não existe razão, moderna ou antiga, para tirar o jogador
de seu campo de trabalho e doutriná-lo entre quatro paredes. É ali no contato
com o ar livre, a grama, que ele vai se habituar. É ali que tudo pode ser dito.
É ali que tudo deve ser feito. Sempre no sentido de aprimorar aqueles que os “professores”
escolheram em suas peneiras. Porque não há outra coisa a fazer senão aprimorar.
Criar e fazer um craque ninguém faz. Craque nasce feito. Mas infelizmente estão
sendo abortados antes de nascer ou têm nascido defeituosos e não têm sido
descobertos. E então estão migrando para outras profissões e situações de vida.
Num grupo de jogadores recém-descobertos e bem avaliados
com o potencial, como gostam de dizer, para virar realidade, tudo que tem de
haver é liberdade para eles se desenvolverem e criarem. Orientar, sim. Decepar
seus estilos e suas vocações, nunca. Enquadrar, jamais.
É no dia a dia, na repetição, no exemplo, na liberdade,
que você vai separando o joio do trigo. Que aquele que parecia ser a grande
vedete vai perdendo seu brilho. E outros que você já começava a desistir em
vê-los como promessas, a despontar com surpresa agradável. E ali entre os
demais, entre o grupo, nas mudanças de categoria, é que irão aparecer os vícios
e as qualidades. Tanto do perfil social, como esportivo.
E não adianta meu amigo. Para comandar esse trabalho não
adianta você fazer curso no Alasca. É aqui mesmo, no observatório da bola mais
simples e no profissional mais talhado para esse tipo de trabalho que repousa a
esperança de começarem a surgir novamente às estrelas do futebol brasileiro.
Torço muito para que isso aconteça porque tenho a absoluta
convicção de que é o único caminho. Vamos levar fé!
Um bom Natal a todos e um 2016 melhor que o 2015. Até a
próxima coluna após o recesso.