Prezados, resolvi falar sobre a evolução do futebol
japonês que tenho percebido nos últimos três, quatro anos. E esta Copa América
de 2019, no Brasil, foi, para mim, de grande valor para a conclusão de minha análise
sobre o futebol japonês.
Não importa se ontem com o empate em 1 X 1 com o Equador
a seleção japonesa deu adeus a esta Copa América. Não são sempre os resultados
que vão espelhar a evolução de uma equipe. O Japão que vi nos três jogos no
Brasil, para início de conversa, é o segundo time deles. Sendo mais claro, o
que chamam de sub-23 do país.
Notei grande evolução no posicionamento, o que já vinha
melhorando nas últimas Copas, mas, principalmente, na parte competitiva,
técnica e individual dos jogadores. Em nenhum momento percebi jogadores novos,
com pouca bagagem, tremerem diante de profissionais, mesmo de pouca qualidade,
da América do Sul. Haja visto o jogo com o Uruguai que terminou em um empate em
2 X 2 através de um pênalti bastante duvidoso ao meu ver.
Vi nesses três jogos um Japão equilibrado, fazendo suas
manobras ofensivas e defensivas de forma consciente, ritmada, organizada e na
máxima harmonia. E sem jogar deslealmente ou entrar mais pesado numa dividida.
Observei alguns jogadores da equipe japonesa acharem espaços e aplicarem fintas
que são costumeiras em jogadores de bom nível técnico. Deslocamentos, tabelas e
os fundamentos em geral sob domínio.
Deu muita alegria de ver essa evolução técnica. Não vi
mais um Japão só de correria e intensidade. Vi um Japão coeso, forte e com
apenas um pouco de imaturidade e deficiência nas conclusões, como foi o caso do
último lance no jogo contra o Equador, que devido a uma finalização muito mal
feita acabou tirando a vaga da equipe japonesa.
Mas é muito importante lembrar que nada acontece por
acaso. Há quase 30 anos ninguém menos que Arthur Antunes Coimbra, o Zico, foi
atuar no Kashima Antlers, no Japão. Em pouco tempo Zico virou uma lenda que a
inflamada torcida japonesa rapidamente passou a copiar e colar em seus
corações. Cada passo, conselho, declaração, cada exemplo do “Galo” era
assimilado com total atenção e humildade pela, na ocasião, apenas voluntariosa
e dedicada escola asiática.
Pois bem, derrotas, vitórias, mas a estrutura, a
filosofia e o caminho nos rastros que Zico deixou foram seguidos religiosamente,
se unindo a própria disciplina, organização e determinação já próprios dos japoneses.
Estivesse Zico na área técnica, dirigindo a seleção japonesa, ou não. Não houve
vaidade, orgulho, nem mistura de valores por parte dos japoneses. Com
simplicidade e dedicação foram se aprimorando a cada dia a ponto de hoje terem
uma equipe sub-23, como disse acima, que joga um futebol correto, bem jogado e
técnico em várias ocasiões.
Evidente que falta muita coisa ainda. Saber parar uma
jogada, ganhar tempo, prender mais a bola, enfim, detalhes que se adquirem
jogando e aprendendo. E o Japão está fazendo isso. E, na minha ótica, hoje já
mostra progressos de uma seleção forte.
Podem anotar aí nos seus arquivos: já na próxima Copa do
Mundo, ou a partir dela, não será tão fácil derrotar o Japão. E não se
surpreendam com uma inédita colocação final do time da chamada “Terra do Sol
Nascente”, pois o futebol hoje no Japão, podem crer, é uma realidade. O tempo
irá confirmar se estou certo ou errado em minha observação.
Muito boa analise!
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